Visão Geral
Nesta semana o presidente do () , Jerome Powell, falou publicamente sobre os problemas econômicos decorrentes da pandemia. Para Powell, alguns indicadores macroeconômicos demorarão ao menos uma década para retomarem patamares vistos antes da propagação do novo coronavírus.
A percepção do presidente do Banco Central do Estado dos Estados Unidos sobre a economia influenciará a forma como a autoridade monetária agirá nos próximos anos. Neste sentido, uma visão mais obscura sobre a recuperação deve significar taxas de juros persistentemente baixas, como tem sido desde a crise do subprime e uma condescendência maior com uma inflação marginalmente mais elevada no curto prazo, e outros desdobramentos que envolvem a , creditícia e, consequentemente, a cotação do dólar no mercado internacional.
Acompanhe nossa análise a seguir.
Nível de emprego pré-pandemia
Depois de um grande solavanco ocasionado pela crise do subprime, os Estados Unidos experimentaram uma situação de emergência em âmbito econômico.
A taxa de desemprego, que em maio de 2007 estava em seu menor nível desde maio de 2001, passou a apresentaram um movimento de inflexão na tendência de baixa. Era o início dos desdobramentos de uma das maiores crises do capitalismo.
Em outubro de 2009 a taxa de desemprego já havia mais que dobrado em relação a maio de 2007 e atingiu 10%, maior percentual desde o começo de 1983.
Ações de flexibilização da empreendidas pelo FED e política de estímulos fiscais vindos do governo central acabaram atenuando os impactos da crise e conduziram os Estados Unidos ao período mais longo de crescimento de toda a sua história, foram mais de 120 meses de crescimento ininterrupto.
Esse crescimento sustentado levou a taxa de desemprego para patamares muito baixos. Depois de atingir 10% em maio de 2009 o percentual de pessoas se ocupação nos Estados Unidos alcançou 3,5% em setembro de 2019, a menor taxa desde dezembro de 1969.
Foram necessários dez anos de crescimento para levar o desemprego para níveis historicamente baixos, por isso o pessimismo de Powell sobre a retomada do emprego na economia americana.
Trabalhos precarizados com baixos salários
A despeito da melhora do mercado de trabalho, os Estados Unidos tiveram que lidar com a precarização do trabalho.
De modo geral, muitas vagas criadas após a crise do subprime eram vagas de trabalho de tempo semi-integral e com vencimentos menores que aqueles vistos nos tempos de bonança pré-crise do subprime.
O assunto foi amplamente debatido em revistas especializadas e até mesmo o governo se mostrou preocupado com o tipo de postos de trabalho que estavam sendo criados. O ex-secretário de trabalho dos Estados Unidos se pronunciava recorrentemente para tratar dos rendimentos dos novos postos de trabalho.
Esse inclusive foi um importante instrumento para garantir que mesmo diante do crescimento dos últimos anos a inflação permanecesse persistentemente baixa.
Efeitos da pandemia sobre o emprego e a economia
Como foi visto mais acima, a pandemia interrompeu um processo de crescimento, que não era vigoroso, mas era bastante longevo.
Com a chegada das infecções nos Estados Unidos o país viu a sua taxa de desemprego aumentar de menor nível em cinquenta anos para 14,7% em abril deste ano, refletindo os impactos da imposição das necessárias medidas de distanciamento social.
Na verdade, antes mesmo dos efeitos diretos da pandemia, os Estados Unidos ja haviam sentidos os abalos vindo da China. Em março deste ano a taxa alcançou 4,4%, reflexo da turbulência decorrente da paralisação parcial da economia chinesa e de alguns impactos que já podiam ser vistos no continente europeu.
No que diz respeito ao PIB, segundo o Departamento de Comércio americano, a economia dos Estados Unidos contraiu cerca de 5% no primeiro trimestre de 2020, e a segunda leitura do PIB do segundo trimestre aponta um recuo anualizado de pelo menos 31,7%. Apesar de a taxa ser anualizada, as quedas foram de fato agudas.
No segundo trimestre de 2019 a economia americana havia produzido cerca de US$ 21,33 trilhões na observação anualizada. No segundo trimestre deste ano a produção foi de US$ 19,49 trilhões.
Futuro do emprego e ações corretivas
Powell entende que a retomada em direção aos patamares conquistas antes desta crise será bastante turbulenta, gradual e distendida. De posse disso, o se apressou em mudar alguns mecanismos de política econômica a fim de mitigar esses efeitos econômicos de longo prazo.
A meta de inflação foi modificada depois de muitas décadas no modelo atual. O será mais condescendente com a inflação no curto prazo e proporá uma meta de inflação média, de longo prazo, permitindo mais estímulos monetários de curto prazo sem que a preocupação central seja o nível de preços. Resumidamente o FED estará de olho no mercado de trabalho e na atividade econômica.
Aumentos da taxa de inflação no curto prazo não mais conduzirão a contracionistas de forma automática. Em outras palavras, o FED está preparado para manter a taxa básica de juros em níveis muito baixos por um período muito mais distendido, ocupando-se, de perto com os problemas do mercado de trabalho.
Essa do FED representa uma mudança de paradigma para o mundo todo e espera-se, diante do imobilismo de algumas economias, sobretudo as subdesenvolvidas, que essa iniciativa entregue a coragem que faltava aos demais países em assumir inflação moderadamente mais elevada para que se garanta um nível aceitável de emprego.
Impactos no câmbio
O mercado financeiro certamente se beneficiará das recentes deliberações do Federal Reserve. Com a diminuição dos rendimentos de títulos soberanos, a tendência é que haja ainda mais canalização de recursos para o mercado de capitais, que neste momento, já encontram-se em patamares históricos.
Esse predileção dos investidores pelo mercado de capitais pode alterar a dinâmica de fluxo de capitais pelo mundo, principalmente em um ambiente onde se tem prevalecido o protecionismo econômico.
É cedo para dizer quais, de fato, serão os impactos nos balanços de pagamentos e no mercado de câmbio, o que se sabe é que pode haver uma mudança importante nos fluxos de capitais entre os países, ademais, como já foi dito, é uma mudança de paradigma.
Outra coisa que se sabe é que países subdesenvolvidos costumam ter taxas de inflação mais elevadas que os países centrais e isso pode conduzir a mais restritivas nestes países.
Diante deste cenário, podemos esperar como movimento de longo prazo mais capital estrangeiro migrando de regiões centrais para regiões periféricas. Resta saber se países como o Brasil, por exemplo, não anularão estes efeitos da chegada de mais recursos estrangeiros com seus desequilíbrios políticos e econômicos domésticos.
Veremos.