Menor exposição ao capital especulativo, projeção de aumento das exportações e outros fatores tendem a trazer menos volatilidade ao dólar em 2020. Morgan Stanley aposta em queda.
O relatório de projeção do Morgan Stanley para o dólar já foi divulgado, com perspectivas para a maioria das moedas. As projeções para o real no ano de 2020 são as seguintes:
- Primeiro trimestre: R$ 3,85
- Segundo trimestre: R$ 3,80
- Terceiro trimestre: R$ 3,85
- Quarto trimestre: R$ 3,80
Depois dos recentes acontecimentos (escalada de tensão entre EUA e Irã), que teve como consequência o aumento da cotação do real, tem muita gente que pode estar duvidando que chegaremos nesses valores. Mas hoje, você verá algumas razões que apontam na direção oposta. Basta afastar um pouco a visão do olho do furacão para vislumbrar o panorama geral.
Se por um lado o capital especulativo de curto prazo não se faz mais presente (o que foi um dos motivos que fez com que a moeda forte se valorizasse em 2019), podemos ficar felizes por outro ponto em relação ao carry trade. Em momentos como o que estamos passando atualmente, a volatidade na cotação de nossa moeda em relação ao dólar é reduzida.
Como este capital é para curtíssimo prazo, cada nova notícia sobre o conflito entre EUA e irã culmina em movimentações rápidas. Sem ele, as oscilações de curto prazo ficam menores – o que é positivo para a nossa economia, que está retomando o seu crescimento, não perca a confiança.
Nova realidade do dólar em 2020?
O fundamental é entender qual é a direção brasileira: Bolsa de Valores para cima, juros estáveis e dólar caminhando para uma direção mais confortável, mais próximo dos R$ 3,90 do que dos R$ 4,00.
Esse conjunto representará a nossa nova realidade em 2020. Mas, sem dúvidas, com muitos percalços pelo caminho que que serão momentos pontuais de estresse, como sempre será em regime de câmbio flutuante.
Essa será a nossa nova realidade devido ao país estar caminhando em direção ao crescimento brasileiro, que é uma das principais razões apontadas para fazer com que a cotação do dólar fique sob controle.
Ainda, auxiliará a pressionar o dólar para baixo fatores como a maior exportação de commodities, o andamento das reformas esperadas internamente e ausência de interferências no governo a nível internacional. Esse ano, por exemplo, é esperada um novo recorde na produção de grãos, a chamada Super Safra.
Quando o crescimento realmente aparecer, o capital estrangeiro poderá vir em direção a ganhos consistentes e mirando o médio/longo prazo para se estabelecerem.
Mas essa vinda, provavelmente, só deverá ocorrer a partir do próximo semestre, quando os números melhores começarem a despontar. Enquanto o dinheiro internacional não vem, contamos com os demais fatores para que o dólar fique controlado.
Glenda Mara Ferreira é Economista, bacharel em Relações Internacionais com experiência em planejamento financeiro. Atualmente é especialista em investimentos na Levante. Possui uma conta no Instagram sobre finanças pessoais e economia: @glendamara_ferreira