Entenda como os sinais da política fiscal brasileira e as negociação entre Estados Unidos e China podem afetar o valor do real nos próximos dias
Aprovação do projeto de (LDO) para o ano de 2020, comissão chinesa nos para discussão de algum acordo relacionado à guerra comercial, inflação renovando mínimas históricas e o clamor por políticas fiscais para tentar fazer reviver a moribunda nacional e internacional.
Acompanhe como esses fatores podem afetar o valor do nos próximos dias.
Política fiscal brasileira
Os parlamentares brasileiros aprovaram com relevante atraso a para o ano que vem.
A é um importante instrumento fiscal pois é a partir dela que se criam as bases para a Lei Orçamentária Anual (LOA) para o ano que vem. A deixa explícito, por exemplo, quanto o governo deve considerar de déficits primário, nominal e operacional, além de conter informações importantes ligadas aos riscos que o governo pode incorrer no que diz respeito à atividade econômica e, consequentemente, à política fiscal.
Nesta , destacam-se dois pontos muito relevantes, o primeiro deles é a ausência da brecha que poderia aumentar o fundo eleitoral de R$ 1,7 bilhão para R$ 3,5 bilhões, o outro diz respeito ao reajuste do salário mínimo. Segundo a aprovada, o salário mínimo não terá reajuste real, a mudança de 2019 para 2020 conterá apenas a recomposição da variação dos preços.
E por que isso é importante?
Primeiramente, mostra que Bolsonaro e Paulo Guedes, ainda carregam importante capital político. Além disso, a ausência de variação real do salário mínimo para o ano que vem foi proposta pelo executivo.
Mais ainda, esta LDO ajudará na condução das contas públicas, mostrando que a política de austeridade segue viva.
Uma deflação “não tão boa” assim…
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), a variação de preços no mês de setembro ficou negativa. Significa dizer que em setembro deste ano os preços dos produtos para a população brasileira ficaram -0,04% menores que no mês de agosto.
Com o resultado de setembro, a inflação brasileira acumulada em 2019 passou a ser de 2,49% e no acumulado em doze meses de 2,89%, menor patamar desde maio de 2018.
Nossas projeções apontam para uma inflação anual de 2,94% para o ano de 2019, abaixo do piso da meta de inflação e a menor variação anual (ano fechado) desde que o regime de metas de inflação foi estabelecido, em 1999.
É importante destacar que a inflação brasileira tem convergido para patamares menores, por vários fatores. Entre os quais destaca-se a forte diminuição de demanda, ou seja, preço baixo em função do choque de oferta dos alimentos, diminuição dos preços de combustíveis e, empobrecimento da população.
Do ponto de vista do , uma inflação baixa estimula uma maior queda nos juros, influenciando o valor do real.
Negociações entre e
e China começaram nesta quinta-feira mais um rodada de negociações. Segundo autoridades envolvidas no processo, nesta sexta-feira (11), os países devem fazer nova reunião e há expectativa em torno do que pode tornar-se um pequeno alívio na escalada da tensão entre os dois países.
O que importa ao Brasil é que com ou sem acordo a situação pode ser bastante problemática.
Em setembro, após muitos meses de estagnação, as importações de soja dos por parte da voltaram a aumentar, efeito prático do desenrolar da guerra comercial onde a prometeu comprar mais produtos básicos dos norte-americanos.
Se por um lado aumentou o volume de soja importada dos pela , por outro, o Brasil viu cair a demanda chinesa por este produto no mês passado.
Segundo dados do Ministério da , em setembro de 2019 as exportações do Brasil para a foram menores em 13% na comparação com o mês de agosto. trata-se do segundo recuo mensal seguido. Na comparação anual a queda foi de 4,3%.
As exportações de soja do Brasil recuaram 12% na comparação mensal agosto/setembro e 2,5% na comparação anual setembro/setembro. E não se esqueça que a exportação de grãos pode afetar o valor do real.
Perspectivas
Se positivos, os resultados das conversas entre e trarão algum alívio ao mercado financeiro mundial e exercerá menor pressão sobre as cotações das de países subdesenvolvidos como o Brasil. Acontece que, sabendo dos riscos que o Brasil passou a correr desde o início da guerra comercial, no médio e longo prazo haverá pressão pela desvalorização do Real frente ao Dólar, independentemente do resultado das negociações.
O mundo inteiro discute ampliar a presença do Estado na economia a fim de dar novo fôlego para as economias desenvolvidas, deixando claro que as políticas monetárias ultra expansionistas, em curso desde 2008, foram custosas e ineficazes para trazer de volta o crescimento econômico
Enquanto isso o Brasil, envolto a uma situação fiscal delicada, vê a austeridade fiscal como única forma de trazer o Brasil ‘de volta ao jogo’.
Até que se dissipem as incertezas, a tendência é de alta do Dólar.
Veremos!
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.