O real se valorizou diante das moedas estrangeiras com a aprovação da Reforma da Previdência no Senado.
Guerra Comercial deu uma trégua, mas o Brexit, que parecia engatar um acordo, sofreu um revés. As incertezas agora pairam sobre as moedas. Real teve bom desempenho graças a previdência. Acompanhe o desenrolar desses acontecimentos.
Dólar: semana de queda na cotação
O Dólar comercial começou a semana cotado a R$ 4,1114. Ao longo da semana, o Real passou por forte movimento de apreciação, bastante marcado pelo avanço da reforma da previdência, mas, igualmente importante, por alguns eventos externos, como o avanço do inquérito que apura irregularidades do presidente Donald Trump.
Os demais elementos deram uma trégua relevante nesta semana, como foi o caso do conflito comercial entre China e Estados Unidos.
Após as duas potências finalmente estarem se acertando e colocando todo esse conflito em rota de resolução, o acordo ficou em um grande stand by até o fórum da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) em novembro, no Chile.
Ponto importante também para a apreciação do Real foi o avanço no megaleilão de petróleo do pré-sal. As expectativas são de uma entrada monumental de recursos estrangeiros no Brasil
Nesse contexto, o Dólar saiu de R$ 4,1114 na segunda-feira e abriu o pregão de sexta-feira (25) negociada na casa dos R$ 4,0258. O Real acumula, portanto, uma apreciação de aproximadamente 2,1%.
Libra esterlina: Brexit e impactos da Previdência
Depois de cumprido o desafio de chegar a um entendimento com a União Europeia sobre os termos da saída do Reino Unido do bloco europeu, o Parlamento britânico rejeitou o acordo.
Foi uma perda política bastante significativa do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. Agora, ventila-se a possibilidade de eleições antecipadas para substituir os membros do parlamento.
A ideia não tem agradado os parlamentares, tampouco o mercado, que enxerga toda essa situação com mais incertezas!
Com o acordo sendo desenhado especialmente desde a semana anterior, a Libra abriu a semana cotada a R$ 5,3170. A moeda britânica seguiu trajetória de depreciação em relação ao Real que, por sua vez, ganhou força esta semana graças à Reforma da Previdência.
Em meio às incertezas britânicas, o Real se manteve em trajetória de apreciação é relação à Libra, sendo negociada no patamar de R$ 5,1877 na abertura do pregão de sexta-feira (26). Na semana, a apreciação é de aproximadamente 2,5%.
Euro: cotação pautada pelo Brexit
Com relação ao Euro, a semana permaneceu bastante pautada pelo Brexit. A moeda Europeia abriu a semana cotada a R$ 4,5831, e perdeu força de modo bastante expressivo em relação ao Real até sexta-feira (25).
A União Europeia, por sua vez, concordou nesta sexta-feira com um pedido feito pelo governo britânico para adiar o Brexit, mas sem datas definidas.
Nesse ínterim, o Parlamento britânico deve decidir se acata ou não o pedido de Boris Johnson para antecipar uma eleição. Esses elementos alimentam as incertezas.
E, pra fechar, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, passou definitivamente o bastão para a nova presidente do BCE, Christine Lagarde. A nova presidente tem um desafio enorme pela frente: resgatar a pujança econômica do bloco.
Assim sendo, na primeira hora do pregão desta sexta-feira, o Euro foi cotado a R$ 4,4866, uma apreciação semanal do Real de aproximadamente 2,11% em relação à moeda europeia.
Perspectivas
No geral, esta semana trouxe certa calmaria, especialmente pela ótica do Real, com o avanço da previdência.
O mercado avaliou de maneira otimista os desdobramentos da reforma, entendendo que há espaço para aprovação de outras importantes reformas.
Por outro lado, cenário externo traz novas incertezas ligadas ao Brexit e as dificuldades de sua aprovação junto ao Parlamento.
Com isso, entendemos que o câmbio deve registrar um caminho mais errático, com potencial para repor a desvalorização do Real.
Seguimos de olho.
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.