A estratégia do Banco Central do Brasil é muito clara, os juros devem subir mais rapidamente no curto prazo a fim de eliminar ou atenuar qualquer movimento ligado à inércia inflacionária, ou seja, deve haver um choque na política monetária para desencorajar as empresas de reajustar os preços baseadas apenas no comportamento pretérito da inflação.
No entanto, essa semana nós vimos que a inflação brasileira já está muito próxima dos dois dígitos, +9,68% para ser mais exato. Essa barreira dos 10% é uma barreira psicológica importante porque a partir dela, a chance da inflação ganhar contornos mais arriscados, como a inércia, é maior.
O comportamento da inflação, que já é mais persistente do que se imaginava anteriormente, e o reflexo disso no comportamento do banco central brasileiro tende a trazer impactos sobre o câmbio, mas os movimentos cambiais decorrentes da mudança de postura da da nossa autoridade monetária não é nada perto do que a política pode produzir.
A prova disso é a desvalorização crônica registrada ao longo de 2019 e a persistência do dólar em ficar acima dos R$5,00 mesmo em um momento em que Europa, China e Estados Unidos apresentam recuperações sólidas, a despeito da propagação da variante delta.
Com este pano de fundo, a moeda estadunidense, que abriu a segunda-feira (06/09), cotada a R$5,1856, iniciou esta sexta-feira (10/09) cotada a R$5,1983. Com isso, vimos uma sutil desvalorização do Real de aproximadamente 0,2%.
Confira o De Olho no Câmbio #138 a relação Real vs Libra Esterlina e do Real vs Euro.