O Banco Central do Brasil, preocupado com a trajetória do dólar e seu impacto no nível de preços – que encontra-se em patamar bastante elevado há alguns meses – anunciou esta semana que vai intensificar a oferta de swaps cambiais nas segundas e quartas-feiras, com o objetivo de tentar amenizar o movimento do dólar.
É importante lembrar que a inflação brasileira medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) se encontra em 9,68%, acumulado em 12 meses. Na atual conjuntura, este nível de preços causa diversos problemas na economia brasileira e, em particular, para os brasileiros e brasileiras mais pobres.
Mas não é somente no Brasil que a inflação tem sido preocupante. Após várias semanas com menos preocupação acerca do nível de preços, especialmente em função das últimas decisões de política monetária, o medo da inflação voltou a rondar os países desenvolvidos como a Inglaterra e os Estados Unidos.
Na terça (28), o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, e Janet Yellen, secretária do Tesouro dos Estados Unidos, foram recebidos no Comitê de Assuntos Bancários, Habitacionais e Urbanos do Senado estadunidense. Ambos discursaram sobre as perspectivas para a economia norte-americana, mas trouxeram novas reflexões.
Particularmente, Powell trouxe um novo ponto de vista sobre a inflação. Até o momento, o Powell e o Fed reforçaram em todas as comunicações oficiais de que a atual inflação estadunidense era temporária e se deva em função dos problemas de oferta causados pela pandemia.
Contudo, em seu discurso, Powell, apesar de manter a posição de que a inflação é temporária, reconheceu que o aumento dos preços deve se estender pelos próximos meses. Em sua fala, manteve a posição de que a alta dos preços tem ocorrido devido ao impacto na cadeia de suprimentos causado pela pandemia, mas que deve se prolongar mais do que o previsto inicialmente.
O tema é de grande relevância para as economias menores, como é o caso brasileiro, uma vez que as perspectivas e, claro, as decisões tomadas em cima dessas perspectivas, tem impacto direto sobre as demais economias e, em grande medida, acabam condicionando as decisões de seus respectivos bancos centrais.
Por fim, cabe ressaltar que o Congresso estadunidense chegou a um acordo para que as despesas do governo sejam honradas até o mês de dezembro de 2021. Como se sabe, os EUA possuem uma regra de teto de gastos que, de tempos em tempos, coloca o governo na berlinda.
Desse modo, com o atual acordo, o governo ganha tempo e dá uma margem para que Democratas e Republicanos discutam uma eventual suspensão do teto de gastos ou uma nova atualização para meses mais à frente, provavelmente elevando o teto, como tem sido comum nas últimas décadas. .
Com este pano de fundo, a moeda estadunidense, que abriu a segunda-feira (27/9), cotada a R$5,3354, iniciou esta sexta-feira (1/10) cotada a R$5,4432. Com isso, vimos uma forte depreciação do Real ao longo da semana, de aproximadamente 2%, em linha com o movimento visto na semana passada.
Confira no De Olho no Câmbio #141 a relação Real vs Libra Esterlina e do Real vs Euro.