Redação nota 1000: exemplos de provas com nota máxima e dicas

Conseguir uma redação nota 1000 no Enem é o objetivo de muitos candidatos, mas é necessário saber como estruturar o texto para alcançar essa pontuação máxima. A chave para uma boa redação não está apenas em desenvolver boas ideias, mas também em como apresentar esses argumentos de forma clara e coesa.
Nesse artigo, vamos abordar as melhores práticas e estratégias para conquistar a nota 1000, passando por cada etapa da redação: da análise do tema à proposta de intervenção, com exemplos que demonstram como aplicar cada dica na prática.
Como fazer uma redação nota 1000?
1. Leia o tema com calma para que não fuja dele
Antes de começar a sua redação nota 1000, é necessário compreender o tema proposto. Muitas vezes, o tema é bem específico e exige uma análise cuidadosa para não fugir do ponto central. Evite diluir ou distorcer a proposta; trabalhe com a essência do tema e construa sua argumentação de forma objetiva e precisa.
Ao ler o tema, pergunte-se: “O que está sendo pedido? Quais são os desafios ou problemas que o tema implica?” Isso ajudará a manter o foco no que realmente precisa ser abordado.
2. Leia os textos motivadores, para entender melhor o tema, mas sem copiá-los
Os textos motivadores são essenciais para embasar suas ideias: eles oferecem uma perspectiva sobre o tema e são fontes de argumentos que você pode utilizar para fortalecer sua redação. No entanto, não copie diretamente de nenhum texto.
O objetivo é entender o contexto, se motivar e usar o conteúdo de maneira a expandir seu próprio raciocínio. Eles podem ser um trampolim para a criação de argumentos originais e ajudam a demonstrar sua capacidade de relacionar diferentes pontos de vista com o tema.
3. Crie um projeto de texto, sobre o quê, argumentos, conclusão, desenvolvimento.
Antes de começar a escrever, crie um projeto de texto claro e organizado. Planeje quais serão os principais pontos a serem abordados, como você vai desenvolver sua argumentação e qual será sua conclusão.
Esse planejamento não é um rascunho, mas sim uma versão preliminar do seu texto, ajudando a estruturar suas ideias. Defina com clareza os argumentos que sustentam sua opinião e como você fará a transição entre cada parte da redação. Isso ajuda a evitar desorganização e incoerências durante a escrita.
4. Faça referências a séries, filmes, músicas, frases que se relacionem com a temática
Para uma redação nota 1000, o uso de referências pode indicar um domínio enriquecido de repertórios diversos, oferecendo uma base cultural que sustenta seus argumentos. Referências a séries, filmes, músicas ou até frases de pensadores podem ser uma grande ferramentas para apoiar sua argumentação, desde que elas tenham relação direta com o tema.
Elas ajudam a ilustrar sua posição e mostram que você tem uma visão ampla do assunto. Além disso, o uso de referências de maneira adequada demonstra que você possui repertório cultural e crítico.
5. Argumentos bons e originais, que validam a sua opinião
A base de uma redação nota 1000 são os argumentos. Eles devem ser bons, bem fundamentados e originais. Ao construir seus argumentos, procure sempre buscar exemplos e dados relevantes para apoiar sua opinião.
Evite usar argumentos clichês ou genéricos. Cada argumento deve ser desenvolvido de forma clara, lógica e conectada ao tema. Não tenha medo de questionar a realidade, mas sempre apresente soluções ou caminhos para solucionar os problemas discutidos.
6. Use escrita em norma culta para o fácil entendimento para o corretor
A clareza e a objetividade são fundamentais para uma redação nota 1000: use a norma culta da língua portuguesa, evitando coloquialismos, gírias ou frases complexas demais. O corretor precisa entender seu texto sem esforço, então evite construções complicadas e garanta que suas ideias estejam bem organizadas.
Isso não significa que o texto deva ser excessivamente formal, mas deve ser claro, direto e sem ambiguidades. Busque uma escrita fluida, sem que o leitor precise reler para entender.
7. Passe a limpo: verifique os erros e os argumentos
Antes de entregar a redação, faça uma revisão minuciosa. Verifique erros gramaticais, de concordância e de pontuação. Além disso, releia seus argumentos e veja se eles estão bem estruturados, coesos e coerentes.
Essa revisão final é essencial para garantir que seu texto tenha o impacto desejado e esteja livre de falhas que possam comprometer sua nota. Não se apresse na revisão, pois ela é uma etapa que pode fazer a diferença entre uma boa e uma excelente redação.
Quais são as partes da redação?
1. A introdução apresenta o tema de forma contextualizada e a tese (ideia central) do texto
A introdução de uma redação Enem deve apresentar o tema da redação de forma contextualizada, trazendo a ideia central (tese) do texto. Em seguida, é necessário apresentar a tese, que é a posição que será defendida ao longo do texto, indicando os principais argumentos que serão explorados.
2. O desenvolvimento traz os argumentos do texto, sendo cada um explorado em um parágrafo diferente
O desenvolvimento é o corpo da redação, onde os argumentos são explorados. Nessa parte, é importante dividir os argumentos de maneira clara e concisa, utilizando dados, fatos e exemplos que reforcem a tese.
Cada parágrafo do desenvolvimento deve tratar de um argumento específico e ser bem fundamentado. Além disso, deve haver coerência e coesão entre os parágrafos, utilizando conectivos que garantam fluidez no texto.
3. Na conclusão, deve haver a proposta de intervenção
A proposta de intervenção é uma parte exclusiva da redação do Enem. Nela, o candidato deve sugerir uma solução para o problema abordado na redação. É importante que a proposta seja detalhada, viável e respeite os direitos humanos. Ela deve incluir quem fará a ação (agente), o que será feito (ação), como será feito (modo de execução) e por que a medida é necessária (efeito).
Qual foi a redação da nota 1.000 do Enem?
Redações que obtiveram nota 1000 do Enem 2024, cujo tema foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”, totalizaram apenas 12 dos mais de 3 milhões de estudantes que realizaram a prova.
Redação nota 1000 de Danilo Oliveira Batista, de São Luís (MA)
O “ciclo do ouro” – ocorrido no Brasil no século XVIII – acarretou o aumento do número de escravos provenientes do continente africano no país, trazidos com graves diferenças culturais entre si, sem que fossem levados em consideração os aspectos regionais e sociais de suas origens, ocasionando uma homogeneização forçada de indivíduos. Atualmente, de forma análoga à História Colonial Brasileira, ainda há uma forte tendência à padronização cultural da África, desprezando sua pluralidade e seu legado. Assim, dois grandes desafios para a valorização da herança africana no Brasil devem ser debelados: as políticas públicas ineficazes e as falhas educacionais.
Diante do cenário exposto, as políticas públicas ineficazes possibilitam a desvalorização do legado africano no país, uma vez que elas impedem o estabelecimento concreto de uma revisão histórica pautada em mais oportunidades, proteção e visibilidade para pessoas pretas. Consoante o sociólogo Émile Durkheim, uma sociedade sem regras claras, sem valores e sem limites encontra-se em estado de anomia social. Nesse sentido sociológico, esse estado anômico pode ser observado na hodierna realidade brasileira, na medida em que as políticas públicas ineficientes permitem o desprezo e o desrespeito com as religiões de matriz africana, a desassistência em áreas quilombolas e a ausência de representatividade em propagandas, por exemplo. Com base nisso, uma mudança urgente e pragmática deve ser realizada, visando à transformação dessa conjuntura, de modo a não só valorizar a herança africana no país, como também a protegê-la.
Ademais, as falhas educacionais também constituem-se como importantes fatores que aprofundam o descaso com o legado africano no Brasil. Segundo o filósofo Inmanuel Kant, “o homem é aquilo que a educação faz dele”. Sob esse prisma filosófico, essas falhas educacionais solidificam mentalidades alienadas na população, potencializando preconceitos e ratificando equívocos concernentes à cultura africana no país. Nesse viés, a própria formação do cidadão brasileiro – no que tange à África e sua herança – é maculada por noções desprovidas de veracidade e etnocêntricas, corroborando a desvalorização da pluralidade e das “raízes africanas”, presentes em campos variados, como a gastronomia, a dança e a religião, representados respectivamente, pelo acarajé, pelo tambor de crioula e pelo candomblé. Então, torna-se imperiosa a correção imediata dessas falhas, no sentido de debelar erros e ampliar visões africanas positivas.
Infere-se, portanto, que as políticas públicas ineficazes e as falhas educacionais configuram-se como os dois desafios para a valorização da herança africana no Brasil. Nessa ótica, o Governo Federal – órgão máximo responsável pela ordem social – deve ampliar as políticas públicas existentes, tornando-as mais eficazes, por intermédio de uma aliança com o Governo Estadual e o Governo Municipal, com a finalidade de aumentar a proteção, as oportunidades e a representatividade das pessoas pretas. O Governo Federal também deve corrigir as falhas educacionais, por meio da Mídia — grande divulgadora de informações — e da Escola, a fim de mitigar equívocos, ocasionando a valorização do legado africano. Logo, o país possuíra uma estrutura melhor para “dialogar” com a herança da África, longe da padronização impositiva ocorrida durante o “ciclo do ouro” no século XVIII.
Redação nota 1000 de Sabrina Ayumi Alves, de Araçatuba (SP)
O livro “Nós matamos o cão tinhoso” de Luís Bernardo Honwana retrata a sociedade moçambicana durante a colonização portuguesa. Na obra literária, observa-se uma dinâmica social pautada pela inferiorização dos indivíduos negros, na qual o racismo está enraizado nas interações entre as pessoas, na qualidade de vida e na autoimagem de cada ser. Assim, ao inserir a imagem criada pelo livro no contexto brasileiro de ínfima valorização da herança africana, infere-se que o passado colonial persiste nas estruturas do Brasil, se manifestando a partir do apagamento sistemático da cultura afro-brasileira. Em razão disso, deve-se discutir o papel do Estado no setor escolar e cultural diante desse contexto de silenciamento.
Em um primeiro momento, é necessário entender a relação entre a dinâmica social brasileira e a desvalorização da herança africana. Para fundamentar essa ideia, o filósofo Ailton Krenak afirma que, no Brasil, existem dois grupos — a humanidade, formada pela elite econômica, e a subumanidade, a qual tem seus direitos negados e é constituída principalmente pelas populações marginalizadas socialmente, como os povos originários e os negros. Por conseguinte, entende-se que o apagamento da cultura africana é uma extensão do panorama da desigualdade social brasileira, já que essa desvalorização sistemática silencia as vozes de populações que são violentadas e oprimidas há séculos, o que favorece a manutensão dessas pessoas no grupo da subumanidade. Dessa forma, o Estado deve desenvolver medidas que visem valorizar e apoiar artistas e escritores relacionados à herança africana no Brasil.
Sob outra ótica, a compreensão acerca da importância da ancestralidade na formação da autoimagem e da noção de pertencimento de cada indivíduo é imperativa. Para isso, a filósofa brasileira Marilena Chaui defende a ideia de que, enquanto os animais são seres naturais, os humanos são culturais – ou seja, a cultura em que cada pessoa está inserida compõe a essência desse ser. A partir disso, compreende-se que o silenciamento da herança africana nega a uma grande parte do povo brasileiro a sua própria essência, o que constitui uma violência estrutural e resulta numa noção de não pertencimento generalizada e em uma autoimagem defasada. Frente a isso, o Estado deve agir em prol da promoção de manifestações culturais afro-brasileiras.
Em suma, conclui-se que a desvalorização da cultura africana está diretamente relacionada a um processo sistemático de silenciamento de grupos oprimidos e resulta na falta de pertencimento de muitos indivíduos. Portanto, cabe ao Estado, por meio de uma parceria entre o Ministério da Economia (ME) e o Ministério da Educação e da Cultura (MEC), desenvolver manifestações culturais afro-brasileiras nas escolas, como, por exemplo, peças teatrais e festivais de dança, música e arte, assim como investir financeiramente na promoção de artistas e escritores que têm suas carreiras relacionadas à herança africana. Por fim, essas ações serão responsáveis por impedir o perpetuamento da desvalorização da cultura africana no Brasil.
As 5 competências do Enem para uma redação nota 1000
Competência 1: Domínio da Língua Portuguesa
A primeira competência avalia o domínio da norma-padrão da língua portuguesa. O candidato deve demonstrar sua capacidade de usar a gramática corretamente, com vocabulário adequado, pontuação precisa e uma escrita clara e coesa. Não pode haver erros de ortografia, concordância ou regência, nem marcas da oralidade, como gírias ou expressões informais.
Competência 2: Compreensão da Proposta de Redação
Aqui, a competência é voltada para a habilidade do candidato de compreender a proposta da redação e desenvolver um texto que atenda ao que foi solicitado. É necessário aplicar conceitos de diferentes áreas do conhecimento, garantindo que o texto seja bem estruturado, com uma introdução (apresentando a tese), desenvolvimento (apresentando argumentos) e conclusão (com uma proposta de intervenção).
Competência 3: Seleção, Organização e Defesa de Argumentos
Na terceira competência, o candidato precisa selecionar os argumentos que irá utilizar, organizá-los de forma lógica e desenvolvê-los adequadamente. Cada argumento deve ser bem fundamentado e alinhado à tese defendida. A estrutura do texto precisa ser clara e inteligível, e as ideias devem ser apresentadas de forma coerente, sem falhas de lógica.
Competência 4: Coesão e Coerência Textual
A competência 4 avalia o uso de mecanismos linguísticos que garantem a fluidez do texto, como conectivos e relações lógicas entre os parágrafos. O candidato precisa demonstrar que as partes do texto estão bem conectadas e que as ideias se desenvolvem de forma coesa, sem desvios de sentido. O uso adequado dos conectivos é essencial para garantir a coesão entre as partes do texto.
Competência 5: Proposta de Intervenção
A última competência avalia a capacidade do candidato de elaborar uma proposta de intervenção para o problema abordado. Essa proposta deve ser viável, detalhada e respeitar os direitos humanos. O candidato deve indicar quem será o responsável pela execução da ação (agente), o que será feito (ação), como será feito (meios) e por que é necessário (efeito). Uma proposta bem construída é um dos elementos mais importantes para alcançar a nota máxima.
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Resumindo
– Leia o tema com calma para que não fuja dele
– Leia os textos motivadores, para entender melhor o tema, mas sem copiá-los
– Crie um projeto de texto, sobre o quê, argumentos, conclusão, desenvolvimento.
– Faça referências a séries, filmes, músicas, frases que se relacionem com a temática
– Argumentos bons e originais, que validam a sua opinião
– Use escrita em norma culta para o fácil entendimento para o corretor
– Passe a limpo: verifique os erros e os argumentos
– A introdução apresenta o tema de forma contextualizada e a tese (ideia central) do texto
– O desenvolvimento traz os argumentos do texto, sendo cada um explorado em um parágrafo diferente
– Na conclusão, deve haver a proposta de intervenção
Crédito de imagem: Envato Elements