Reservas internacionais estão menores. Qual o impacto?

O Brasil, por ser uma país ainda em desenvolvimento, já passou por muitos altos e baixos em sua economia e política. Aqui, o marasmo não tem vez. Mas ao mesmo tempo, os desafios ao longo do caminho trouxeram alguns traumas aos brasileiros. As reservas internacionais são uma delas.

Por exemplo, o fantasma da inflação amedronta muita gente, assim como o questionamento de qual seria o nível adequado das reservas internacionais após as crises cambiais vividas (afinal, só quem passou pelo governo de Fernando Henrique Cardoso com apenas US$ 17 bilhões sabe o que é sufoco).

Por essas e outras, e devido a tantas utilizações diferentes que as reservas podem ter que o debate sobre o que fazer com os atuais US$ 358,9 bilhões, valor da última sexta-feira, dia 14, gera tantas discussões. Vale complementar que este valor subiu na última semana devido a oscilação do valor de mercado dos ativos que compõem as reservas, como os títulos da dívida dos Estados Unidos e de outros países, o que fez com que o aumento fosse de US$ 157 milhões. Mas que em 2019, fechou no menor nível desde 2015, com US$ 356,9 bilhões conforme informado pelo Banco Central (BC).

Os dois lados das reservas internacionais

Por um lado, temos os defensores de quantidades de dólares mais relevantes em nossa reserva internacional para que possamos passar por momentos de crises com essa espécie de seguro a nosso favor. Mesmo porque não deixa de ser um montante de moeda estrangeira de que o país dispõe.

A argumentação é que as reservas conferem mais autonomia de política econômica ao governo, em especial quando estamos diante de um cenário incerto e turbulento lá fora. Se não temos previsibilidade internacional, muito menos de quantos dólares entrarão (via exportação ou fluxo estrangeiro) daqui em diante, o caminho, para este grupo de defensores, é ter uma quantidade maior e mais acomodatícia. 

Na outra ponta, há os defensores de um valor menor de moeda forte. Uma das vantagens aclamadas é que é possível conter a dívida pública. Com isso, o ajuste fiscal fica mais favorável às nossas contas públicas. 

Para reforçar o argumento, o próprio FMI acredita que já temos uma reserva confortável. De acordo com o FMI, o valor adequado para as reservas brasileiras é de US$ 242,3 bilhões, porém com uma margem para cima de 50%, fazendo com que o valor chegue a US$ 364,8 bilhões (bem próximo ao que temos hoje em dia).

Além disso, como o dinheiro é guardado em títulos americanos, a venda em caso de necessidade é bem rápida.

O que está acontecendo?

No último ano, o que vimos foi uma redução das reservas internacionais. Pela primeira vez desde 2009, o BC voltou a vender dólar à vista. Como a moeda teve a maior alta em 12 meses, o BC passou a atuar para conter a sua valorização que foi causada pela crise na América Latina e guerra comercial entre EUA e China. Com isso, no final do ano, o saldo foi de redução de US$ 36,9 bilhões das reservas totais. O que já fez os defensores de reservas mais robustas, iniciarem as críticas.

Contudo, não pense que irá parar por aí. Este movimento deve continuar este ano, fazendo com que o nível que chegaremos no fim do ano, seja ainda menor do que o atual patamar.

Seja para manter as contas públicas sob controle ou para conter as altas do dólar, é bem provável que as reservas nacionais continuem sejam utilizadas em 2020.

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