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Reunião Copom deve aumentar a Selic a 14,25% em março

Reunião Copom traz impacto para a economia nacional

O Banco Central do Brasil deve decidir na próxima quarta-feira (19), por meio do Comitê de Política Monetária, pelo aumento da taxa básica de juros brasileira, a Selic.

Apesar da diminuição dos riscos inflacionários na passagem de janeiro para março, como, por exemplo, a valorização cambial e os sinais de uma incipiente desaceleração da economia,  o Copom deve manter uma postura conservadora. Embora os riscos inflacionários sejam virtualmente menos intensos, outros fatores continuam a ameaçar o cumprimento da meta de inflação para este ano.

A decisão de aumentar a taxa de juros em 1,0% garantirá uma política monetária bastante restritiva, razão pela qual diversas empresas do varejo brasileiro entraram com pedido de recuperação judicial ao longo dos últimos anos.

O Copom deve realizar o aumento de 1% antecipado nas últimas reuniões. Na ocasião, em janeiro, ao elevar a Selic em 100 pontos base, o comitê reforçou que uma nova elevação “da mesma magnitude” estaria à caminho. A decisão de subir os juros rapidamente reflete, sobretudo, a necessidade de afastar qualquer dúvida quanto ao compromisso da nova gestão do Banco Central em relação à meta de inflação. Em janeiro, a decisão foi de um aumento de 1,00%.

Qual o impacto no dólar depois da reunião Copom

Os impactos da decisão do Copom sobre o mercado de câmbio devem ser relativamente moderados por diversos motivos:

  • A valorização cambial registrada desde meados de janeiro está parcialmente relacionada às questões comerciais envolvendo o novo governo dos Estados Unidos e a possibilidade de um cessar-fogo nos próximos meses.
  • Complementarmente, embora os riscos fiscais permaneçam no radar, os dados de dezembro e janeiro foram surpreendentemente positivos e diminuíram parte da tensão no mercado financeiro.

Portanto, o aumento da taxa Selic pode não trazer impactos imediatos ao dólar, uma vez que na avaliação dos agentes do mercado financeiro as questões externas pesam mais sobre o mercado de câmbio neste momento.

Além da sobreposição das questões externas sobre os dados da economia doméstica, o aumento da Selic para este mês já havia sido contratado em dezembro. Em outras palavras, no jargão do mercado, esse aumento já foi precificado pelos agentes.

O que muda no Brasil com os dados da reunião Copom

Apesar das apostas da Selic em torno de 15% no meio do ano, a expectativa é de que a economia siga relativamente resiliente, refletindo o bom momento do mercado de trabalho e o crescimento disseminado em diversos setores produtivos do país.

O aumento da Selic para patamares ainda mais elevados não tem se traduzido em grandes impactos para o setor de crédito. No entanto, a leitura de que o Copom irá estender este ciclo de aumentos pode trazer impactos a partir do segundo semestre deste ano.

No que diz respeito aos investimentos financeiros, a elevação da Selic segue garantindo bons rendimentos para investimentos em renda fixa e interrompe a queda dos rendimentos das aplicações em poupança, que vinha caindo desde o início do ciclo de cortes da taxa básica de juros.

Próxima reunião Copom

O Copom deixou claro na última reunião, realizada nos dias 28 e 29 de janeiro, que a luta contra a inflação continua. A autoridade monetária brasileira se diz vigilante em relação ao comportamento dos preços e antecipou um novo ajuste de 1% para a reunião deste mês.

A próxima reunião do COPOM ocorrerá nos dias 18 e 19 de janeiro e deve contar com uma elevação da taxa Selic a 14,25% ao ano. O comunicado e a ata da reunião deste mês não devem fornecer pistas sobre os próximos passos do comitê. O colegiado deve se limitar a dizer que novos ajustes serão realizados caso seja necessário.

A nossa expectativa é de que o comitê estenda o ciclo de aumentos da Selic até, pelo menos, junho de 2025.

Seguimos de olho!

André Galhardo

Economista-chefe da Análise Econômica, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, e é autor do livro “O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico.”

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