O Banco Central do Brasil deve decidir ao fim da reunião nesta quarta-feira (19), por meio do Comitê de Política Monetária, pelo aumento da taxa básica de juros brasileira, a Selic.
Apesar da diminuição dos riscos inflacionários na passagem de janeiro para março, como, por exemplo, a valorização cambial e os sinais de uma incipiente desaceleração da economia, o Copom deve manter uma postura conservadora. Embora os riscos inflacionários sejam virtualmente menos intensos, outros fatores continuam a ameaçar o cumprimento da meta de inflação para este ano.
A decisão de aumentar a taxa de juros em 1,0% garantirá uma política monetária bastante restritiva, razão pela qual diversas empresas do varejo brasileiro entraram com pedido de recuperação judicial ao longo dos últimos anos. O Copom deve realizar o aumento de 1% antecipado nas últimas reuniões. Na ocasião, em janeiro, ao elevar a Selic em 100 pontos base, o comitê reforçou que uma nova elevação “da mesma magnitude” estaria à caminho. A decisão de subir os juros rapidamente reflete, sobretudo, a necessidade de afastar qualquer dúvida quanto ao compromisso da nova gestão do Banco Central em relação à meta de inflação. Em janeiro, a decisão foi de um aumento de 1,00%.
Os impactos da decisão do Copom sobre o mercado de câmbio devem ser relativamente moderados por diversos motivos:
Portanto, o aumento da taxa Selic pode não trazer impactos imediatos ao dólar, uma vez que na avaliação dos agentes do mercado financeiro as questões externas pesam mais sobre o mercado de câmbio neste momento.
Além da sobreposição das questões externas sobre os dados da economia doméstica, o aumento da Selic para este mês já havia sido contratado em dezembro. Em outras palavras, no jargão do mercado, esse aumento já foi precificado pelos agentes.
Apesar das apostas da Selic em torno de 15% no meio do ano, a expectativa é de que a economia siga relativamente resiliente, refletindo o bom momento do mercado de trabalho e o crescimento disseminado em diversos setores produtivos do país.
O aumento da Selic para patamares ainda mais elevados não tem se traduzido em grandes impactos para o setor de crédito. No entanto, a leitura de que o Copom irá estender este ciclo de aumentos pode trazer impactos a partir do segundo semestre deste ano.
No que diz respeito aos investimentos financeiros, a elevação da Selic segue garantindo bons rendimentos para investimentos em renda fixa e interrompe a queda dos rendimentos das aplicações em poupança, que vinha caindo desde o início do ciclo de cortes da taxa básica de juros.
O Copom deixou claro na última reunião, realizada nos dias 28 e 29 de janeiro, que a luta contra a inflação continua. A autoridade monetária brasileira se diz vigilante em relação ao comportamento dos preços e antecipou um novo ajuste de 1% para a reunião deste mês.
A próxima reunião do COPOM ocorrerá nos dias 6 e 7 de maio e deve contar com uma elevação da taxa Selic a 15% ao ano. O comunicado e a ata da reunião deste mês não devem fornecer pistas sobre os próximos passos do comitê. O colegiado deve se limitar a dizer que novos ajustes serão realizados caso seja necessário.
A nossa expectativa é de que o comitê estenda o ciclo de aumentos da Selic até, pelo menos, junho de 2025.
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