Reunião do Copom hoje traz impacto para a economia nacional
O Banco Central do Brasil deve decidir nesta quarta-feira (11), por meio do Comitê de Política Monetária, pelo aumento da taxa básica de juros brasileira, a Selic.
O persistente movimento de desancoragem das expectativas, somado aos riscos inflacionários provocados pela estiagem e pela desvalorização cambial, deve levar o Copom a adotar uma postura ainda mais conservadora. Apesar do recente anúncio de que a bandeira tarifária foi reduzida de vermelha fase 1 para verde em dezembro, o que tende a aliviar a inflação, outros fatores continuam a ameaçar o cumprimento da meta inflacionária para este ano.
A decisão, ainda em aberto, de aumentar a taxa de juros em 0,75% garantirá uma política monetária bastante restritiva, razão pela qual diversas empresas do varejo brasileiro entraram com pedido de recuperação judicial ao longo deste ano.
Apesar das apostas em torno de um aumento de 0,75%, o Copom pode optar por um aumento ainda mais agressivo, de 1,00%, considerando a forte desvalorização cambial e os riscos de o Bacen não cumprir a meta de inflação deste ano. Em novembro, a decisão foi de um aumento de 0,50%.
Qual o impacto no dólar depois da reunião do Copom hoje
Os impactos da decisão do Copom sobre o mercado de câmbio devem ser relativamente moderados por diversos motivos:
- A desvalorização cambial é parcialmente influenciada pelas incertezas em relação à escalada nas tensões comerciais com Donald Trump à frente da Casa Branca;
- Complementarmente, as questões fiscais domésticas também pesam sobre a cotação da moeda americana. O Governo tem dificuldade de apresentar um plano sólido de redução de despesas orçamentária ao mesmo tempo em que o Banco Central parece não se importar em pagar trilhões de reais em juros da dívida pública e perdas com swap cambial.
Portanto, o aumento da taxa Selic pode não trazer impactos imediatos ao dólar, uma vez que na avaliação dos agentes do mercado financeiro a aprovação do pacote de cortes de gastos é mais relevante neste momento.
Esses fatores acabam atenuando os impactos da decisão do Copom sobre o mercado de câmbio, mas considerando um aumento mais contundente, de 1,00%, pode haver uma reprecificação da moeda brasileira para patamares mais baixos.
O que muda no Brasil com os dados da reunião do Copom hoje
Apesar das apostas em torno da aceleração no ritmo de elevação da Selic, a expectativa é de que a economia siga relativamente resiliente, refletindo o bom momento do mercado de trabalho e o crescimento disseminado em diversos setores produtivos do país.
O aumento da Selic para patamares ainda mais elevados não tem se traduzido em grandes impactos para o setor de crédito. No entanto, a leitura de que o Copom irá estender este ciclo de aumentos pode trazer impactos a partir de 2025.
No que diz respeito aos investimentos financeiros, a elevação da Selic segue garantindo bons rendimentos para investimentos em renda fixa e interrompe a queda dos rendimentos das aplicações em poupança, que vinha caindo desde o início do ciclo de cortes da taxa básica de juros.
Próxima reunião do Copom
O Copom deixou claro na última reunião, realizada nos dias 05 e 06 de novembro, que a luta contra a inflação continua. A autoridade monetária brasileira se diz vigilante em relação ao comportamento dos preços e atenta aos dados macroeconômicos.
A próxima reunião do COPOM ocorrerá nos dias 28 e 29 de janeiro e deve contar com uma elevação da taxa Selic a 12,75% ao ano. O comunicado e a ata da reunião deste mês não devem fornecer pistas sobre os próximos passos do comitê.
A nossa expectativa é de que o comitê estenda o ciclo de aumentos da Selic até, pelo menos, o segundo trimestre de 2025.
Seguimos de olho!