Reunião do Copom hoje traz impacto para a economia nacional
Na reunião de hoje, o Copom decidiu pela manutenção, pelo décimo mês consecutivo, da taxa básica de juros em 13,75% ao ano.
Embora já tenhamos sinais evidentes de arrefecimento da inflação e de desaceleração da atividade econômica, assim como na última reunião, o comitê deve usar o argumento de que os núcleos de inflação continuam elevados e que isso requer o uso de uma política bastante restritiva.
A inflação brasileira deve cair ao nível mais baixo desde agosto de 2020 neste mês de junho. Tal desaceleração de preços já deveria ser capaz de abrir caminho para que o Copom faça inicie o ciclo de cortes de juros no país. Além dos preços em queda, o setor de serviços caiu 1,6% em abril, enquanto a produção industrial recuou 0,6%.
As recentes quedas da produção industrial são reflexo desta taxa de juros proibitiva usada pelo Banco Central. Não fosse o agronegócio, o Brasil não teria colhido o expressivo resultado do PIB do primeiro trimestre.
A manutenção da taxa em 13,75% promete trazer ainda mais dificuldades para o país com o encarecimento do crédito e desestímulo aos investimentos produtivos.
Qual o impacto no dólar depois da reunião do Copom hoje
Você já deve ter percebido que a força da moeda nos últimos dias, não é? Pois bem, o que tem causado este movimento?
A valorização do Real em relação ao dólar pode ser creditada a diversos elementos, mas o principal é a taxa de juros Selic.
Na semana anterior à decisão do Copom, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, decidiu pausar o ciclo de elevação das taxas de juros em 5,25% ao ano, enquanto o Copom emite sinais de que não pretende reduzir a Selic tão cedo.
Vamos aos fatos: o Brasil tem uma taxa de juros de 13,75% ao ano com uma inflação anualizada de 3,94%, com expectativa de que caia para perto de 3,0% este mês. Nos Estados Unidos a taxa de juros está no corredor de 5,00% ~ 5,25% e a taxa de inflação é de 4,0%.
Esse diferencial de taxa de juros real (juros menos inflação) tem canalizado um fluxo de dólares cada vez mais robusto em direção ao Brasil, o que deve favorecer a moeda brasileira e prolongar o ciclo de valorização da moeda brasileira.
O que muda no Brasil com os dados da reunião do Copom hoje
Na reunião do Copom de hoje, o Banco Central se manteve apegado à ideia de que a Selic tem que permanecer no atual patamar, de 13,75% ao ano e isso deve trazer sérias consequências, sobretudo, a partir do segundo semestre, quando os efeitos da supersafra sobre a economia devem ser menores.
A decisão do Copom em manter a Selic em 13,75% tem a finalidade de desaquecer a economia para que, com isso, tenhamos mais queda de preços. O único problema aqui é se o Copom errar na dose e acabar colocando o Brasil em um cenário de baixo crescimento ou contratar uma recessão para o ano que vem.
Essa questão de “errar na dose” é tão importante que o Federal Reserve decidiu pausar os aumentos de juros a fim de verificar qual seria a magnitude dos impactos da política monetária sobre a economia.
Além disso, é importante destacar que a desinflação em curso está muito mais conectada à valorização da moeda brasileira e à queda dos preços das commodities do que ao uso de uma taxa de juros restritiva.
Próxima reunião do Copom
O Copom deixou claro na última reunião, realizada nos dias 2 e 3 de maio, que segue vigilante em relação ao comportamento da inflação doméstica e que não hesitará em retomar o ciclo de aumento de juros caso a desinflação não transcorra como o esperado, embora reconheça que eventuais aumentos da Selic sejam muito improváveis.
Apesar disso, com a recente diminuição relativa (acumulada anualmente) dos preços domésticos, o Copom adotou um tom ligeiramente mais amigável nesta quarta. O comunicado destacou que:
“O Copom conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas e avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação.”
A próxima reunião do COPOM ocorrerá nos dias 01 e 02 de agosto e deve trazer mudanças na condução da política monetária.
A estimativa da Análise Econômica é de que a Selic permaneça em 13,75% até a quinta reunião do ano, em agosto, quando o comitê deve começar o ciclo de cortes de juros.
Seguimos de olho!