Reunião do Copom hoje traz impacto para a economia nacional
O Banco Central do Brasil decidiu nesta quarta-feira (19), por meio do Comitê de Política Monetária, pela manutenção na taxa básica de juros brasileira, a Selic.
O recente movimento de desancoragem das expectativas, associado ao aumento do clima de incerteza internacional, impuseram uma decisão mais conservadora por parte do Copom, que interrompeu, prematuramente, o ciclo de cortes dos juros no país.
A decisão de manter a taxa de juros inalterada fortalece o cenário de uma política monetária bastante restritiva, razão pela qual diversas empresas do varejo brasileiro entraram com pedido de recuperação judicial no ano passado.
A despeito de grande parte das apostas terem sido em torno da manutenção da taxa de juros, um novo corte residual, de 0,25% não estava totalmente fora de questão. Ainda assim, mesmo se o Copom optasse pela redução da Selic como fez na última reunião de política monetária, estaríamos sob a influência de uma política monetária fortemente restritiva, cenário que se fortalece agora.
Qual o impacto no dólar depois da reunião do Copom hoje
Os impactos da decisão do Copom sobre o mercado de câmbio devem ser relativamente moderados por diversos motivos:
- A decisão de manter a taxa de juros em um patamar bastante elevado mantém o país com uma taxa real de juros que está entre as maiores do mundo.
- Por outro lado, problemas potenciais no âmbito fiscal e a incerteza quanto à geopolítica e economia internacional, devem balancear o movimento cambial.
Cabe dizer apenas, que parte do movimento de desvalorização do real se deve às incertezas quanto às condições fiscais do país. Portanto, a manutenção da taxa Selic não deve trazer tantos impactos quanto os desdobramentos políticos podem fornecer ao longo da semana.
Esses fatores acabam atenuando os impactos da decisão do Copom sobre o mercado de câmbio, mas considerando os elementos macroeconômicos que surgiram recentemente, a nossa expectativa é de que o dólar continue no corredor de R$5,35 ~ R$5,45 pelos próximos dias.
O que muda no Brasil com os dados da reunião do Copom hoje
Apesar da manutenção da Selic, a expectativa é de que os recentes cortes de juros continuem exercendo influência sobre a economia brasileira, com impactos positivos sobre setores mais sensíveis às mudanças na taxa de juros, como a indústria e o varejo.
Embora ainda seja incipiente e muito tímido, já há algum movimento na direção de redução do custo do dinheiro no país. Dados mais recentes do Banco Central mostram o custo de crédito com pequenas reduções nos dados de março e abril.
Por outro lado, a expectativa é de que a interrupção dos cortes da Selic altere a dinâmica de redução do custo do crédito nos próximos meses, o que poderia implicar em mais problemas de liquidez em diversos setores da economia brasileira.
No que diz respeito aos investimentos financeiros, o fim do ciclo de cortes interromperá a queda dos rendimentos das aplicações em poupança, que vêm caindo desde o início do ciclo de redução da Selic.
Próxima reunião do Copom
O Copom deixou claro na última reunião, realizada nos dias 18 e 19 de junho, que a luta contra a inflação ainda não terminou. A autoridade monetária brasileira se diz vigilante em relação ao comportamento dos preços e atenta aos dados macroeconômicos.
A próxima reunião do COPOM ocorrerá nos dias 30 e 31 de julho e deve trazer o fim do ciclo de cortes de juros do país. O comunicado e a ata da reunião deste mês não devem fornecer pistas sobre os próximos passos do comitê.
A nossa expectativa é de que o comitê retome o ciclo de cortes de juros no segundo trimestre do ano que vem.
Seguimos de olho!