Reunião do Copom traz impacto para a economia nacional
O Banco Central do Brasil deve decidir na próxima quarta-feira (06), por meio do Comitê de Política Monetária, pelo aumento da taxa básica de juros brasileira, a Selic.
O recente movimento de desancoragem das expectativas, associado aos riscos inflacionários decorrentes da estiagem e da desvalorização cambial devem impor uma decisão mais conservadora por parte do Copom. Embora o recente anúncio de que a bandeira tarifária passaria de vermelha fase 2 para amarela em novembro, deve suavizar a inflação, mas outros vetores devem continuar ameaçando o cumprimento da meta de inflação para este ano.
A decisão, ainda em aberto, de aumentar a taxa de juros garantirá uma política monetária bastante restritiva, razão pela qual diversas empresas do varejo brasileiro entraram com pedido de recuperação judicial ao longo deste ano.
Apesar das apostas em torno de um aumento de 0,50%, o Copom pode optar por um aumento ainda mais agressivo, de 0,75%, considerando a forte desvalorização cambial e os riscos de o Bacen não cumprir a meta de inflação deste ano. Em setembro, a decisão foi de um aumento de 0,25%.
Qual o impacto no dólar depois da reunião do Copom
Os impactos da decisão do Copom sobre o mercado de câmbio devem ser relativamente moderados por diversos motivos:
- A desvalorização cambial é parcialmente influenciada pelas incertezas em torno das eleições americanas;
- O conflito no Oriente Médio permanece uma fonte significativa de instabilidade, especialmente após o Irã anunciar a preparação de um novo ataque contra Israel;
Cabe dizer ainda que parte do movimento de desvalorização do real se deve às incertezas quanto às condições fiscais do país. Portanto, o aumento da taxa Selic pode não trazer impactos imediatos ao dólar, uma vez que na avaliação dos agentes do mercado financeiro o anúncio de um amplo pacote de cortes de gastos é mais relevante neste momento.
Esses fatores acabam atenuando os impactos da decisão do Copom sobre o mercado de câmbio, mas considerando um aumento mais contundente, de 0,75%, pode haver uma reprecificação da moeda brasileira para patamares mais baixos.
O que muda no Brasil com os dados da reunião do Copom
Apesar das apostas em torno da aceleração no ritmo de elevação da Selic, a expectativa é de que a economia siga relativamente resiliente, refletindo o bom momento do mercado de trabalho e o crescimento disseminado em diversos setores produtivos do país.
O aumento da Selic para patamares ainda mais elevados não tem se traduzido em grandes impactos para o setor de crédito do país. No entanto, a leitura de que o Copom irá estender este ciclo de aumentos pode trazer impactos a partir de 2025.
No que diz respeito aos investimentos financeiros, a elevação da Selic segue garantindo bons rendimentos para investimentos em renda fixa e interrompe a queda dos rendimentos das aplicações em poupança, que vinha caindo desde o início do ciclo de cortes da taxa básica de juros.
Próxima reunião do Copom
O Copom deixou claro na última reunião, realizada nos dias 17 e 18 de setembro, que a luta contra a inflação continua. A autoridade monetária brasileira se diz vigilante em relação ao comportamento dos preços e atenta aos dados macroeconômicos.
A próxima reunião do COPOM ocorrerá nos dias 05 e 06 de novembro e deve contar com uma elevação da taxa Selic a 11,25% ao ano. O comunicado e a ata da reunião deste mês não devem fornecer pistas sobre os próximos passos do comitê.
A nossa expectativa é de que o comitê estenda o ciclo de aumentos da Selic até, pelo menos, março de 2025.
Seguimos de olho!