Reunião do Copom em setembro traz impacto para a economia nacional
O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil decidiu novamente pela queda da taxa Selic para 12,75%. Essa foi a segunda redução da taxa básica de juros consecutiva e faz parte de um movimento amplo de cortes que deve ocorrer nos próximos meses.
Embora já tenhamos sinais evidentes de arrefecimento da inflação e de acomodação da atividade econômica, os riscos de uma nova escalada dos preços obrigou o Copom a adotar um discurso cauteloso em relação aos próximos passos da autoridade monetária brasileira.
Depois de tocar o nível mais baixo em cerca de três anos, em junho, a inflação brasileira acumulada em 12 meses voltou a subir a partir de julho por influência do efeito-base das deflações registradas no meio do ano passado.
A despeito desse aumento na comparação anualizada, a expectativa de inflação para os próximos meses abriu a possibilidade de o país cumprir a meta de inflação em 2023 depois de dois anos consecutivos de descumprimento.
No campo da atividade econômica, a permanência da Selic em patamar tão elevado tem trazido consequências aos setores produtivos do país. A produção industrial tem andado de lado nos 7 primeiros meses do ano acompanhada de uma perda de ritmo do setor de serviços e do comércio varejista.
A redução marginal da taxa Selic não deve trazer efeitos imediatos sobre a economia produtiva, mas pode colaborar para um crescimento mais sustentado ao longo do ano que vem.
Qual o impacto no dólar depois da reunião do Copom em setembro
Apesar da queda na taxa de juros isso não deve trazer impactos imediatos ao mercado de câmbio.
O mercado agora espera por elementos mais concretos em relação à trajetória da taxa ao longo deste segundo semestre.
Há poucas semanas o Federal Reserve retomou o ciclo de aumentos da taxa de juros e colocou a taxa básica de juros americana no maior nível em cerca de 22 anos. Esse movimento, associado às decisões do Banco Central Europeu têm trazido bastante turbulência ao mercado de câmbio no Brasil e no restante do mundo.
Vamos aos fatos, o Brasil ainda tem uma taxa de juros de 12,75% ao ano com uma inflação anualizada de 4,61%, com expectativa de que fique dentro do intervalo de tolerância da meta em 2023. Nos Estados Unidos a taxa de juros está no corredor de 5,25% ~ 5,50% e a taxa de inflação é de 3,7%.
Esse diferencial de taxa de juros real (juros menos inflação) tem canalizado um fluxo de dólares cada vez mais robusto em direção ao Brasil, o que deve favorecer a moeda brasileira e prolongar o ciclo de valorização da moeda brasileira.
Apesar deste cenário relativamente benéfico à moeda brasileira, a expectativa de que haja uma nova rodada de aumento de preços em todo o mundo pode acabar exigindo de Fed mais aumentos de juros e o resultado prático disso é um movimento de desvalorização de moedas como a brasileira.
O que muda no Brasil com os dados da reunião do Copom em setembro
Da mesma forma que um corte na taxa básica de juros não deve promover mudanças importantes no mercado de câmbio, a redução da Selic também não deve trazer alterações imediatas à economia do país.
Isso porque as decisões de política monetária, como aumentos ou reduções na taxa de juros, demoram a aparecer para a sociedade como um todo.
Além disso, embora a redução da Selic seja muito bem-vinda neste momento, o patamar dos juros no país continuará sendo restritivo, ou seja, a Selic em 12,75% deve prestar praticamente o mesmo serviço que em 13,25%.
De modo geral, dentro do mercado de crédito, o que devemos ver ao longo deste semestre é a manutenção das taxas de juros cobradas de empresas e famílias, restringindo o consumo e os investimentos no país.
Próxima reunião do Copom
O Copom deixou muito claro nesta última reunião, realizada nos dias 19 e 20 de setembro, que segue vigilante em relação ao comportamento da inflação doméstica, mas sugere que novos cortes de mesma magnitude (0,50%) devem ser feitos na Selic nas próximas reuniões de 2023.
Apesar da expressiva queda da inflação no país, o Copom deve adotar um tom ainda duro nas próximas reuniões de política monetária. Isso porque os riscos de um aumento da inflação provocado, por exemplo, por uma eventual elevação nos preços dos combustíveis, não estão totalmente fora de questão.
A próxima reunião do COPOM ocorrerá nos dias 31 de outubro e 1º de novembro e deve trazer uma nova redução na taxa de juros do país.
Seguimos de olho!