Reunião do Copom manteve a Selic em 13,75% em dezembro

O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% na reunião de política monetária desta semana, mantendo a mesma taxa da reunião anterior, realizada em outubro.

Apesar das recentes discussões em torno de um eventual novo arcabouço fiscal e dos gastos extra-teto, o Banco Central brasileiro não viu, por enquanto, a necessidade de iniciar um novo ciclo de altas da Selic.

Apesar do aumento dos juros de longo prazo e da possibilidade de novos aumentos da Selic, novas elevações dos juros brasileiros teriam efeito nulo sobre a inflação, que já encontrou um caminho de desinflação e ainda prejudicaria seriamente as contas públicas brasileiras.

Apesar de “jogar parado” o Banco Central voltou a dizer, tal como já havia feito na última reunião, que não hesitará em fazer novos aumentos na Selic se o processo de desinflação não ocorrer conforme o esperado.

Reunião do Copom traz impacto na economia

A reunião do Copom de hoje causa um impacto menor na economia ao manter a mesma taxa de juros pelo quarto mês seguido. Porém, antes de mais nada é importante lembrar que a Selic no atual patamar provoca efeitos recessivos sobre a economia brasileira.

É verdade que o aumento da taxa de juros ajuda a combater a inflação, no entanto, ter a maior taxa real de juros do mundo, como é o caso do Brasil, acaba tornando o remédio contra a inflação um tanto quanto amargo.

Além da desaceleração da atividade econômica, captada pelo PIB do terceiro trimestre, os indicadores de confiança dos empresários e consumidores apontam para a continuidade desse arrefecimento da produção nos últimos três meses do ano.

A Selic em 13,75% tem sido apontada, corretamente, como uma das variáveis mais importantes para explicar as projeções de PIB muito baixas para 2023.

Qual o impacto no dólar depois da reunião do Copom

O impacto da Selic no dólar depois da reunião do Copom deve ser pequeno! Em primeiro lugar, porque a Selic inalterada não promoverá mudanças substanciais nas percepção de rendimento por parte dos agentes.

No entanto, o fato de o Copom “jogar parado” também tem ajudado a aumentar o rendimento real dos investimentos de renda fixa. Isso acontece porque, a despeito da manutenção dos juros, a inflação permanece em queda, tornando as taxas de juros reais cada vez mais elevadas.

Esse aumento de rendimento não deve ser suficiente para provocar mudanças no câmbio que sejam dignas de nota. 

Em segundo lugar temos o papel do banco central dos Estados Unidos (Fed), que já anunciou por meio de alguns de seus membros, que deve moderar o ritmo de aumento de juros por lá, no entanto, as taxas devem continuar subindo nas próximas duas ou três reuniões.

O fato do Fed permanecer aumentando os juros, acaba amortecendo o fluxo de capitais que teriam predileção pelo Brasil.

O que muda no Brasil com os dados da reunião do Copom

A principal mudança é a evolução dos custos do crédito mesmo com a Selic inalterada há cerca de 5 meses, assim como o fato de que o encarecimento do crédito deve continuar por dois motivos básicos: o aumento da taxa real de juros e o crescimento da inadimplência.

Se por um lado, o Copom decidiu manter a taxa de juros inalterada nesta reunião, por outro, o comitê decidiu endurecer o tom em relação ao comportamento do governo com as contas públicas.

O comunicado publicado logo após a decisão de política monetária deixou claro que o Copom pode retomar o ciclo de aumento dos juros caso o movimento de desinflação não ocorra conforme o esperado.

Além disso, no comunicado também ficou claro que a autoridade monetária brasileira condicionará eventuais aumentos ao novo arcabouço fiscal e ao compromisso do governo eleito com a responsabilidade fiscal.

Próxima reunião do Copom

A próxima reunião do Copom será nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro de 2023.

O Copom deve seguir na estratégia de “jogar parado” até a reunião prevista para junho do ano que vem.Até lá, os comunicados devem reforçar que o Banco Central segue vigilante em relação ao comportamento da inflação e das contas públicas, deixando a “porta aberta” para eventuais aumentos de juros, o que, até aqui parece totalmente descabido.

Seguimos de olho!

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