O que esperar do Dólar?

A semana está chegando ao fim e podemos destacar dois acontecimentos principais: o discurso de Donald Trump e, por aqui, a reunião do Copom.

Vamos começar pelo presidente norte-americano que não ajudou a deixar o clima internacional mais ameno e dar um pouco de alívio para a vida do investidor. Após uma das maiores paralisações do governo, um novo shutdown pode ser iniciado já na próxima semana. Tudo isso porque Trump insiste na aprovação de orçamento para a construção de um muro na fronteira com o México.

Durante sua fala ele não ofereceu nenhuma concessão, nem parou de criticar diversas posições do partido Democrata – passando por temas como aborto até “investigações ridículas” contra ele. Ou seja, sem nenhuma mudança de sua postura, fica muito difícil conseguir apoio dos deputados para que a verba seja liberada. Por isso, a possibilidade de um novo shutdown não é descartada.

Com isso, a situação de Trump é cada dia mais delicada e sua popularidade vem caindo. Os assuntos que ele tem tratado são polêmicos, além da questão do muro, ainda estão em pauta, a guerra comercial com a China e investigações sobre a interferência da Rússia durante a sua campanha presidencial. São temas que já vem causando impacto e que comprometem não apenas a sua imagem, mas também já respingam na economia dos Estados Unidos.

Por isso, vamos acompanhar de perto cada novidade vinda da potência mundial. Já por aqui, o cenário é bem diferente.

Reino do otimismo

A esperança está na aprovação da reforma da Previdência. E, mais do que isso, agora em uma reforma mais parruda e mais abrangente.

Comentar os detalhes de possíveis propostas, por ora, ainda não faz sentido. Tem muita água para passar por baixo dessa ponte e qualquer tom diferente será suficiente para balançar mercados.

Então, é o momento de segurar a ansiedade e expectativas para fazer os comentários já com um texto pronto e oficialmente divulgado. Fato é que este é o tema do momento e veremos, ao menos uma parte, da aprovação da reforma.

E essa aprovação afeta diversos pontos de nossa vida. Além de sua própria aposentadoria, os reflexos estão até nas próximas decisões do Banco Central em relação à taxa de juros.

Na última quarta-feira (06), ocorreu a reunião do Copom (que deve ser a última presidida por Ilan Goldfajn). A taxa de juros foi mantida no mesmo patamar, em 6,5%.

Contudo, mais importante do que a amplamente esperada manutenção da taxa de juros, era o comunicado.

Mas o discurso não empolgou, foi bem neutro. Deixou em aberto para que o próximo comitê formado, que terá como presidente Roberto Campos Neto, decida os próximos passos.

As palavras foram de: “cautela, serenidade e perseverança nas decisões de política monetária inclusive diante de cenários voláteis, têm sido úteis na perseguição de seu objetivo precípuo de manter a trajetória da inflação em direção às metas”.

Como desde a última reunião, tudo parece conspirar para uma inflação baixa, e o ritmo de crescimento brasileiro ainda está engatinhando, muitas pessoas estão ansiosas por novos cortes da Selic.

Para mim, não é o momento. A taxa de juros já está em sua mínima histórica e enquanto não tivermos mais definições, o Banco Central não precisa atuar.

Com a troca de presidente, aí sim, pode ser que vejamos novidades. Na mesma quarta-feira de reunião do Copom, o novo presidente do BC indiano surpreendeu o mercado com um novo corte dos juros logo na sua estreia. Ao meu ver, o novo mandato pode querer “mostrar serviço” e assim, fazer alguma alteração. Mas, como já disse, precisamos de mais clareza para que o BC consiga tomar as melhores decisões.

E o câmbio com isso?

Com os bons ventos, o câmbio cedeu de R$ 4,00 para oscilar no patamar dos R$ 3,70. Já é uma bela queda. Porém este é apenas o começo.

Como já venho alertando há algumas semanas, para cair mais, o dólar precisa de outros impulsos determinantes como um cenário internacional mais benigno e maior confiança dos investidores internacionais no novo governo para a aprovação de reformas estruturais essenciais ao país.

Glenda Mara Ferreira é Economista, bacharel em Relações Internacionais com experiência em planejamento financeiro. Atualmente é especialista em investimentos na Levante e acabou de inaugurar um canal no YouTube sobre finanças pessoais, Glenda Mara.

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