Risco-Brasil: o que é e como investidores podem usar

O Risco-Brasil é um indicador que mostra o nível de confiança dos investidores internacionais na economia do país. Ele reflete o quanto o país é visto como seguro ou arriscado para receber investimentos estrangeiros, considerando fatores como a estabilidade política, a saúde das finanças públicas e o cenário econômico global. 

Quanto maior o índice, mais caro e difícil fica para o país tomar empréstimos no exterior e atrair novos investimentos.

Neste texto, vamos explicar o que influencia esse indicador, como ele é calculado e de que forma os investidores podem usá-lo em seus investimentos.

O que é Risco-Brasil?

O Risco-Brasil, ou risco-país, é um indicador que mede o nível de confiança que os investidores estrangeiros têm na economia do Brasil. Ele reflete o quanto o país é considerado seguro ou arriscado para receber investimentos.

Quando a classificação está alta, isso significa que o mercado vê o país como um local com mais riscos, o que pode resultar em juros mais altos para empréstimos e menor atração de capital estrangeiro. Por outro lado, um índice baixo indica que o país é visto como mais estável, o que facilita a captação de recursos e atrai mais investimentos.

Quais são os indicadores usados para definir o Risco-Brasil?

Os indicadores usados para calulcar o Risco-Brasil são:

  • EMBI+;
  • Ratings;
  • CDS

1. EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus)

O EMBI+ é o indicador mais conhecido para medir o Risco-Brasil. Ele é calculado pelo JP Morgan com base nos preços dos títulos da dívida de países emergentes, negociados no mercado internacional. Esse índice compara a rentabilidade desses títulos com os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, que são considerados de baixo risco. Um spread maior indica um risco mais elevado, refletindo a percepção do mercado sobre a solvência do país.

2. Classificações de Crédito (Ratings)

As agências de classificação de risco (rating), como Moody’s, S&P Global Ratings e Fitch, avaliam a capacidade de um país de honrar suas dívidas. Elas atribuem notas que vão de AAA (risco muito baixo) até D (inadimplência). Quanto pior a nota, maior o risco percebido pelo mercado. A análise dessas agências leva em conta fatores como crescimento econômico, política fiscal, endividamento e estabilidade política.

Quais são as classificações de crédito?

FitchMoody’sS&PSignificado na escala
AAAAaaAAAGrau de investimento com qualidade alta e baixo risco
AA+Aa1AA+
AAAa2AA
AA-Aa3AA-
A+A1A+
AA2A
A-A3A-
BBB+Baa1BBB+Grau de investimento, qualidade média
BBBBaa2BBB
BBB-Baa3BBB-
BB+Ba1BB+Categoria de especulação, baixa classificação
BBBa2BB
BB-Ba3BB-
B+B1B+
BB2B
B-B3B-
CCCCaa1CCC+Risco de alta inadimplência e baixo interesse
CCCaa2CCC
CCaa3CCC-
RDCaCC
DCC
D

3. Prêmios de Risco de CDS (Credit Default Swaps)

O CDS é um tipo de seguro contra a inadimplência de um país. Quanto mais caro o CDS, maior o risco percebido pelos investidores de que o país não consiga pagar sua dívida. O spread do CDS é um indicador usado como referência para avaliar o Risco-Brasil no mercado financeiro.

Qual o Risco-Brasil hoje?

Em 2024, o Risco-Brasil está em BB, segundo a S&P e a Fitch, e Ba1, segundo a Moody’s. Isso significa que o país está na categoria de especulação, mas a um passo do chamado grau de investimento, considerado um selo de bom pagador pelas agências, assegurando um menor risco de calotes.

Histórico do Risco-Brasil

De 2003 a 2015, o menor Risco-Brasil foi entre 2008 e 2015, quando o país obteve o selo de bom pagador pelas agências de risco. Nesse período, as notas foram BBB- e BBB pelas agências S&P e Fitch, e Baa3 e Baa2 pela Moody’s.

Ano de avaliaçãoClassificação do Risco-BrasilAgência de risco
2003B+S&P
B+Fitch
B2Moody’s
2004BB-S&P
BB-Fitch
B1Moody’s
2005BB-S&P
BB-Fitch
Ba3Moody’s
2006BBS&P
BBFitch
Ba2Moody’s
2007BB+S&P
BB+Fitch
Ba1Moody’s
2008BBB-S&P
BBB-Fitch
Ba1Moody’s
2009 e 2010BBB-S&P
BBB-Fitch
Baa3Moody’s
2011, 2012 e 2013BBBS&P
BBBFitch
Baa2Moody’s
2014BBB-S&P
BBBFitch
Baa2Moody’s
2015BB+S&P
BB+Fitch
Baa3Moody’s
2016 e 2017BBS&P
BBFitch
Ba2Moody’s
2018, 2019, 2020, 2021 e 2022BB-S&P
BB-Fitch
Ba2Moody’s
2023BBS&P
BBFitch
Ba2Moody’s
2024BBS&P
BBFitch
Ba1Moody’s

Como o Risco-Brasil impacta a economia do país?

O Risco-Brasil tem um impacto significativo na economia do país, influenciando diversos aspectos, como o custo de financiamento, os investimentos estrangeiros e o comportamento dos mercados financeiros. Esse risco reflete a percepção internacional sobre a capacidade do Brasil de honrar suas dívidas e a estabilidade de seu ambiente econômico e político.

O Risco-Brasil afeta diretamente o custo de captação de recursos no mercado internacional. Quando o risco-país aumenta, os investidores internacionais exigem prêmios maiores para emprestar dinheiro ao Brasil, o que eleva as taxas de juros que o governo e as empresas brasileiras precisam pagar para emitir títulos de dívida no exterior. 

Esse aumento nos juros pagos por empréstimos internacionais reflete-se no custo do crédito dentro do país. Quando o governo e as empresas precisam pagar mais caro para captar recursos, essa despesa acaba sendo transferida para o consumidor final, resultando em empréstimos mais caros e menor acesso ao crédito, o que pode prejudicar o crescimento econômico.

Além disso, um alto risco faz com que o país se torne menos atrativo para investimentos estrangeiros diretos (IED) e para os investimentos em portfólio (como ações e títulos). Investidores internacionais preferem destinos com menor risco e maior previsibilidade. Quando o Risco-Brasil aumenta, é comum observar uma fuga de capitais ou uma redução no volume de novos investimentos, afetando setores importantes como infraestrutura, tecnologia e energia.

Como avaliar o Risco-Brasil ao fazer investimentos?

Para avaliar o Risco-Brasil ao fazer investimentos, é importante entender como ele afeta a rentabilidade esperada. Um cálculo simples para determinar o retorno necessário é multiplicar a taxa de juros dos títulos americanos pelo risco-país. Se o risco-Brasil estiver em 400 pontos e os juros dos títulos dos EUA forem de 2% ao ano, os títulos brasileiros precisariam oferecer 8% de retorno ao ano para compensar o risco adicional.

O cálculo a ser feito para avaliar se o retorno oferecido compensa o risco adicional é:

  • (2% x 400) / 100 = 8%.

Investidores mais conservadores tendem a buscar países com menor risco, aceitando retornos menores, enquanto investidores mais arrojados podem buscar essas oportunidades de maior risco e retorno. Portanto, é importante considerar o seu perfil de investidor.

O Risco-Brasil é um fator decisivo para investimentos

O Risco-Brasil é um termômetro que mede a confiança dos investidores internacionais na economia do país, influenciando diretamente o custo do crédito, a atração de investimentos e o comportamento dos mercados.

Quando o risco-país aumenta, a capacidade do Brasil de captar recursos no exterior se torna mais cara, elevando o custo de financiamento para o governo e empresas, o que pode repercutir no crescimento econômico. Além disso, ele impacta a atratividade para investimentos estrangeiros, pois países com alto risco tendem a perder capital para destinos mais estáveis.

Por isso, ao considerar investimentos no Brasil, é importante avaliar o Risco-Brasil e entender como ele influencia a rentabilidade esperada. Investidores mais conservadores, que buscam segurança, preferem mercados com menor risco, mesmo que o retorno seja mais baixo. Já os investidores dispostos a correr mais riscos podem encontrar oportunidades em países com risco maior, mas que oferecem uma compensação financeira significativa.

Ficou interessado nesse tema e não quer perder mais atualizações? Então, siga a Remessa Online no Instagram, LinkedIn, X (antigo Twitter), Facebook e YouTube.

Resumindo

O que é Risco-Brasil?

O Risco-Brasil, ou risco-país, é um indicador que mede o nível de confiança que os investidores estrangeiros têm na economia do Brasil. Ele reflete o quanto o país é considerado seguro ou arriscado para receber investimentos.

Qual o Risco-Brasil hoje?

Em 2024, o Risco-Brasil está em BB, segundo a S&P e a Fitch, e Ba1, segundo a Moody’s. Isso significa que o país está na categoria de especulação, mas a um passo do chamado grau de investimento, considerado um selo de bom pagador pelas agências, assegurando um menor risco de calotes.

Crédito da imagem: Envato Elements

Related posts

Brasil x Venezuela: Onde assistir ao vivo, horário e escalações do jogo das Eliminatórias

Conta PJ Itaú: como abrir, custos e vantagens

De Olho no Câmbio #303: Moeda brasileira volta a perder força à espera do governo