Semana de alívio no câmbio

A queda dos juros que remuneram os recursos que os bancos deixam no Banco Central Europeu confirma a expectativa do mercado. A dúvida agora é: os estímulos monetários serão suficientes para evitar ou minimizar a recessão? Complementarmente, a semana trouxe algum alívio no câmbio, além do monetário, com possíveis avanços no conflito comercial sino-americano e o Brexit.

Acompanhe. 

Real x Dólar

O Dólar comercial abriu o pregão de segunda-feira (9/set) cotado a R$ 4,0639 e fechou o pregão de segunda-feira (2) cotado a R$ 4,0953 – uma depreciação do Real de aproximadamente 0,77%.

A perspectiva de apreciação da moeda brasileira se manteve ao longo desta semana. Contudo, a cotação do Dólar Comercial permaneceu em patamar muito próximo ao registrado na semana anterior (R$ 4,06). 

A principal contribuição para o relativo alívio e manutenção do Dólar em relação às semanas anteriores foi o cenário externo. A Guerra Comercial teve alguma trégua e, felizmente, não tivemos posicionamentos “agressivos”envolvendo o presidente Trump.

Outro ponto que segurou o Dólar esta semana foi a perspectiva de queda dos juros. O mercado comprou a ideia de que o movimento é fundamental para evitar ou minimizar a recessão que se aproxima. Assim, os juros mais baixos podem estimular a economia.

Nesse contexto, a moeda americana saiu de R$ 4,0639 na segunda-feira e abriu o pregão de sexta-feira (13) negociada na casa dos R$ 4,0600. O Real acumula uma apreciação de 0,09%. 

Real x Euro

O ponto alto do Euro nesta semana fora os estímulos monetários que o Banco Central Europeu (BCE) determinou na quinta-feira (12). 

Alguns analistas já consideram se tratar de uma nova rodada de “quantitative easing“, o afrouxamento monetário que se tornou bastante comum nos países desenvolvidos após a crise de 2008.

De todo modo, o presidente do BCE, Mario Draghi, destacou a importância de, junto aos estímulos monetários, que os governos voltem a gastar mais.

A ideia, que remete às políticas de cunho keynesiano, é estimular a demanda agregada via componente de gastos públicos. O pedido, em coletiva pouco após a decisão do BCE, coloca em evidência a possibilidade de recessão que temos destacado neste espaço.

Assim sendo, o Euro abriu a semana cotado a R$ 4,5338, mas perdeu alguma força frente ao Real, chegando a ser cotado a R$ 4,5039 nas primeiras horas do pregão de sexta-feira (13). Na abertura do pregão, o Euro era cotado a R$ 4,4891, uma variação semanal de aproximadamente -1%. Em relação ao Dólar americano, o Euro perdeu 0,02% do valor era semana.

Real x Libra Esterlina

Após a notícia (frustrada) sobre uma possível suspensão temporária do Parlamento britânico e a judicialização do caso, o primeiro ministro Boris Johnson já chegou a ser acusado de ter mentido para a rainha.

Em relação ao Real, a Libra abriu a semana cotada a R$ 5,0372 e até a quarta-feira (11) estava cotada a R$ 5,0175. A decisão do Supremo levou a Libra para R$ 5,0627 na quinta-feira. No pico da semana, a moeda britânica chegou a alcançar R$ 5,0926.

Faltando sete semanas para a separação britânica da União Europeia (31 de outubro), o governo e o Parlamento estão ainda envolvidos nesse conflito sobre o futuro do Brexit. Dentre os possíveis desfechos, incluem sair sem um acordo e outro referendo.

O premiê chegou a dizer que o governo está esperando para ouvir uma apelação da Suprema Corte britânica. 

Decorrente deste imbróglio, no geral, BoJo se mostrou mais flexível e um possível acordo sobre a fronteira entre as Irlandas pode se materializar.

Nesse contexto, após os intensos movimentos da Libra Esterlina, a moeda voltou à trajetória de valorização, sendo negociada no patamar de R$ 5,0062 logo após a abertura do pregão de sexta-feira (13). Na semana, a depreciação do Real em relação à moeda britânica é de 0,13%.

Perspectivas

Os estímulos monetários trazem algum alívio e confirmam as expectativas do mercado. E isso tem dois lados: mostra que o BCE está preocupado e agindo; por outro, reforça que a recessão é uma possibilidade real.

Temos falado disso em diversos momentos nesse espaço, isso é verdade. Mas é sempre preocupante receber a confirmação de algo tão preocupante como uma recessão.

De todo modo, os estímulos monetários trouxeram uma apreciação ao Real. O movimento se dá por uma melhora na relação “risco x retorno”, ou seja, o risco se reduz e o retorno se torna mais interessante.

Seguimos de olho.

André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.

André Galhardo

Economista-chefe da Análise Econômica, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, e é autor do livro “O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico.”

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