Apesar do feriado de Natal, que prometia deixar os mercados no marasmo, a semana foi marcada por intensa volatilidade. O sobe e desce – em boa parte – pode ser creditado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Para começar ele deixou o governo parcialmente paralisado, devido à falta de acordo sobre a construção de um muro na fronteira com o México, que ainda deve se estender até o dia 03 de janeiro.
Mas não foi apenas isso, ele aproveitou a sua conta de Twitter mais poderosa do planeta para realmente chacoalhar os mercados. Na véspera de Natal, não perdoou e disse que o único problema da economia norte-americana era o Fed (o Banco Central por lá) – uma crítica aos aumentos muito rápidos da taxa de juros. Estes 276 caracteres ocasionaram a pior véspera de Natal desde 1918. Ainda bem que não tivemos negociação no Ibovespa neste dia, caso contrário, também sentiríamos os efeitos do tweet desafetuoso por aqui.
E ainda não acabou. Depois disso, na quarta-feira (26), Trump sugeriu que as ações das empresas estavam baratas e que deveriam aproveitar o momento para comprar mais, “eu tenho confiança nas empresas. Temos as maiores empresas do mundo, que têm tido números recordes até o momento”. Mais uma fala que repercutiu nos mercados. Pelo menos dessa vez, positivamente. Somado a outros fatores, como a alta do petróleo, o dia fechou com as maiores altas. Como o Dow Jones que teve a maior alta da história em pontos.
Haja coração para aguentar o sobe e desce tão intenso na terra do Tio Sam!
Estamos diante de uma inversão de cenário momentânea, e o dólar não passa ileso a toda essa agitação. Mas, para alívio geral, o Banco Central segue com intensa atuação. Vem a cada dia ofertando bilhões de reais através de leilão de linha. Como ontem, em que foi ofertado US$ 1 bilhão para dar maior liquidez no mercado à vista da divisa. Já existe um estoque de US$11,75 bilhões de linhas, e boa parte desse estoque foi acumulado nos últimos 2 meses.
E além dessa atuação do mercado à vista, o BC segue operando no mercado futuro por meio da rolagem de contratos de swap cambial. O estoque atual está em torno de US$68 bilhões em swaps cambiais. Essa atuação é para dar liquidez no mercado futuro de divisas, que dada a sua enorme liquidez, é quem acaba por ditar o preço do dólar no mercado à vista.
No fim das contas, o que tem mesmo afetado negativamente é a saída de capital estrangeiro do país, que reduz a liquidez e penaliza o real.
Contudo, como eu já havia sinalizado no artigo da semana passada, isso era um movimento esperado para a época do ano e para compensar, ainda estamos com boas expectativas para 2019 no que se refere ao aumento da vinda de fluxo externo para o Brasil.
Enquanto aguardamos esse movimento para ajudar a manter o dólar em um patamar mais estável e abaixo dos níveis atuais, seguiremos de olho, especialmente, no desenrolar da guerra comercial entre EUA e China, possíveis altas de juros norte-americanos e aprovação das reformas internamente.
Acompanhe por aqui, que eu comentarei cada novo desdobrar. Inclusive na próxima semana que será curta, mas estarei aqui para comentar os principais acontecimentos e impactos para o câmbio.
Aproveite as festas e um excelente 2019!
Até sexta-feira que vem.
Glenda Mara Ferreira é Economista, bacharel em Relações Internacionais com experiência em planejamento financeiro. Atualmente é especialista em investimentos na Levante e acabou de inaugurar um canal no YouTube sobre finanças pessoais, Glenda Mara.