Nos últimos meses, a Taxa Selic tem sido um assunto mais comentado do que o comum. O motivo é a alta na inflação, o Copom subiu a taxa novamente com objetivo de conter a inflação. A Taxa Selic afeta diretamente a vida das pessoas, pois é fundamental para o funcionamento da economia.
Embora cause um grande impacto na economia do país, poucas pessoas entendem de fato quais são as influências da taxa. Em geral, apenas pessoas que investem ou querem começar a investir buscam entender sobre ela. Para ficar por dentro desse assunto e conseguir entender melhor quais são as influências da taxa em sua vida, continue lendo este artigo!
Conheça a origem da palavra Selic
Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, uma infraestrutura do mercado financeiro que é administrada pelo Banco Central do Brasil (BC). Dentro desse sistema, títulos públicos federais são transacionados e a taxa média ajustada nesses financiamentos diários, que são apurados no sistema, corresponde à Selic. Mas o que isso significa na prática? Entenda o que é a Taxa Selic a seguir.
O que é a Taxa Selic?
A Selic é a taxa básica de juros da economia, o principal instrumento de política monetária do país, responsável por controlar a inflação, além de influenciar todas as taxas de juros. Isso quer dizer que taxas de juros de empréstimos, financiamentos, aplicações e investimentos financeiros também são influenciados por essa taxa.
Ela está sempre em pauta na mídia, pelo menos a cada 45 dias, que é quando acontecem as reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central). Nessas reuniões, é definido se a taxa vai sofrer aumento ou se permanecerá estável.
Para que serve a Taxa Selic e quais são os seus impactos na economia?
O sistema de metas da inflação foi criado em 1999 para estabelecer o compromisso do Brasil em adotar formas de controlar a inflação, mantendo-a dentro de uma faixa fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Esse conselho é formado pelos ministros e pelo presidente do Banco Central.
A Taxa Selic é um dos principais mecanismos desse controle. A taxa é usada para manter a estabilidade da economia e evitar que o país sofra com o descontrole dos preços, como já aconteceu alguns anos atrás, fazendo com que a população perdesse o poder de compra.
A meta de inflação no Brasil era de 8%, mas tem um limite de variação de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Ao longo dos anos, esse indicador caiu e se estabilizou em 2,5% ao ano durante quase 15 anos.
No entanto, em 2020, a meta foi fixada em 4% ao ano, podendo variar de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Se a inflação acumulada no ano ficar na faixa de 2,5% a 5,5%, significa que o país cumpriu a meta.
Para isso, algumas iniciativas são tomadas, a principal delas é influenciar a quantidade de dinheiro que gira no país. Se houver mais recursos disponíveis, as pessoas vão consumir mais. Com o aumento da demanda, os preços também sobem.
Porém, o contrário também acontece. Se não houver recursos disponíveis, as pessoas vão consumir menos, mas nem sempre os preços vão cair. Nesse momento, a Selic é utilizada. O Banco Central usa a Taxa Selic como ferramenta de controle de recursos que vão circular.
Por exemplo, se a economia está aquecida, porque as pessoas estão consumindo mais, os preços começam a subir e isso pode prejudicar a meta de inflação. Para evitar isso, a Taxa Selic sobe. Assim, os juros ficam mais altos e se torna mais difícil conseguir crédito – tanto para os consumidores, quanto para as empresas e governo.
A alta nos juros desestimula o consumo, evitando que as pessoas comprem mais e ajuda a controlar os preços. Quando a inflação está controlada acontece o contrário. Se a economia precisa ser aquecida, a Selic diminui e isso estimula o consumo.
Como a Taxa Selic afeta a vida dos brasileiros
A Taxa Selic afeta em todo o consumo dos brasileiros, na solicitação de crédito e nos investimentos. Entenda melhor como é o impacto da taxa selic na vida dos cidadãos brasileiros.
Consumo
O consumo é diretamente afetado pelos juros de empréstimos e financiamentos. Se eles ficam mais caros, o nível de consumo diminui naturalmente, pois o custo dos produtos e serviços também aumenta. Com o aumento na Selic, por exemplo, as pessoas consomem menos. Quando a taxa sofre redução a tendência é que o consumo aumente.
Crédito
A Taxa Selic é responsável por determinar os custos das linhas de crédito de forma geral. O aumento na taxa faz com que os empréstimos e financiamentos fiquem mais caros, pois os bancos e instituições financeiras vão cobrar juros mais altos para essas operações. Por outro lado, se houver redução na taxa, os juros de empréstimos e financiamentos caem e as pessoas são estimuladas a contratar mais desses serviços.
Investimentos
No caso dos investimentos de renda fixa, de forma geral, a alta na Taxa Selic acaba beneficiando essas operações. Isso porque esse tipo de investimento é baseado em juros. Os títulos públicos do governo, por exemplo, como CDBs, que são emitidos por bancos, letras de crédito, debêntures etc. apresentam maior rentabilidade quando a Selic está alta. Quando a taxa sofre redução, que foi o que aconteceu em 2019, o retorno desses investimentos acaba sendo menor.
Como a Taxa Selic é definida?
Mas como a Taxa Selic é definida? Quem decide quando ela deve subir ou cair? O Copom é o órgão do Banco Central responsável por definir e anunciar a Taxa Selic. A partir de negociações com títulos públicos, o órgão define a Taxa mais próxima possível da meta. As conversas entre os membros do Copom acontecem a cada 45 dias.
Nessas reuniões, eles decidem qual será o teto da Selic que vai vigorar pelos próximos 45 dias. As conversas seguem um calendário que é definido um ano antes e, em geral, as reuniões duram dois dias.
Durante as reuniões, os membros do comitê assistem apresentações técnicas, discutem sobre a perspectiva da economia no país e no mundo, além de avaliarem como estão as condições de liquidez e o comportamento dos mercados.
Depois de ter acesso a todas as informações e conseguir analisá-las, além de considerar os riscos e as potencialidades do cenário macroeconômico que está por vir, os membros do comitê votam qual a meta ideal para a Taxa Selic operar. No mesmo dia, a decisão é divulgada.
As próximas reuniões do Copom do ano devem acontecer nos dias 26 e 27 de outubro e nos dias 7 e 8 de dezembro. A divulgação da taxa vai acontecer nos dias 03 de novembro e 14 de dezembro.
Quais são os pontos considerados para subir ou diminuir a taxa?
Depois que a meta para a Selic é estabelecida, o Banco Central precisa continuar agindo para que a taxa efetiva se mantenha no patamar definido. O anúncio da taxa, apenas, não garante que os juros permanecerão no nível esperado.
O Banco Central atua, ainda, de outras formas, comprando e vendendo títulos federais no “mercado aberto”. A atividade consiste em aumentar e diminuir a oferta desses títulos para que consiga manter os juros próximos do valor definido na reunião do Copom.
Por exemplo, se na última reunião ficou definido que a Selic vai aumentar, é preciso estimular esse movimento de alta dos juros. Para isso, o Banco Central tenta vender mais títulos públicos para as instituições financeiras.
Esses títulos precisam ser negociados a valores mais baixos, para torná-los atraentes aos compradores. Assim, isso vai repercutir nas taxas de juros que as próprias instituições praticam. Para as instituições só é interessante realizar outras operações, em vez de manter o dinheiro aplicado nos títulos públicos do Banco Central, se as taxas forem menores.
Quando o objetivo é pressionar a redução na Selic, o Banco Central tenta comprar títulos públicos que as instituições financeiras já têm em carteira. Mas para que esses bancos tenham interesse em vender os papéis para o Banco Central de novo, eles precisam ser negociados a um valor maior.
E como está a Taxa Selic hoje?
A Taxa Selic hoje está fixada em 6,25% ao ano. A meta foi definida no dia 22 de setembro de 2021. O Copom decidiu subir a taxa de 5,25% para 6,25%. Essa foi a quinta alta consecutiva, com o objetivo de controlar a inflação. Veja abaixo um histórico da Taxa Selic nos últimos meses.
mês/ano | Taxa Selic 2021 | Taxa Selic 2020 |
Janeiro | 0,15% | 0,38% |
Fevereiro | 0,13% | 0,29% |
Março | 0,20% | 0,34% |
Abril | 0,21% | 0,28% |
Maio | 0,27% | 0,24% |
Junho | 0,31% | 0,21% |
Julho | 0,36% | 0,19% |
Agosto | 0,43% | 0,16% |
Setembro | 0,16% | |
Outubro | 0,16% | |
Novembro | 0,15% | |
Dezembro | 0,16% |
Como a Taxa Selic afeta os investimentos?
Como você viu anteriormente, a Taxa Selic impacta no crédito, no consumo e nos investimentos. Dessa forma, qualquer mudança, seja de aumento ou redução da taxa, vai afetar a rentabilidade de alguns produtos financeiros. Veja quais são:
Tesouro Selic
Esse título público tem sua rentabilidade indexada à taxa Selic. Quando a taxa sofre redução, a rentabilidade do título também diminui. Por outro lado, se a Taxa Selic sobe, o Tesouro Selic passa a ser um título vantajoso.
Caderneta de poupança
A caderneta de poupança é uma aplicação que está atrelada à Taxa Selic. Dessa forma, seu rendimento é influenciado pela taxa. Quando a Taxa Selic está acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% sobre o valor que foi depositado + Taxa Referencial.
Por outro lado, se a Selic estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano, a poupança vai render 70% da Selic + Taxa Referencial. No cenário em que estamos agora, que a taxa Selic está abaixo de 8,5% a rentabilidade da poupança diminui muito.
Renda Fixa
O CDI é um indicador usado em títulos de Renda Fixa que está atrelado à Selic. Assim, quando a taxa sofre queda, os títulos que usam CDI também sofrem queda em seus rendimentos. Isso inclui CDBs, LCIs, LCAs, LCs e todos têm o rendimento afetado por causa da Selic.
CDI e Selic: qual é a relação
Os dois são indicadores usados para definir a rentabilidade das aplicações financeiras e costumam caminhar bem próximas, apresentando um diferencial percentual bem pequeno.
A Selic é a taxa média dos empréstimos feitos entre bancos, onde os títulos públicos federais são usados como garantia. O objetivo é conduzir a política monetária do país para alcançar a estabilidade da economia.
O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) representa os empréstimos feitos entre instituições financeiras usando seus próprios recursos. Os bancos fazem esses empréstimos porque precisam, por lei, encerrar os dias com seus balanços equilibrados. Ou seja, se tiver saída de um lado, precisam buscar recursos para cobri-las.
Então, qual é a relação entre os dois indicadores? Quando a taxa Selic está muito maior do que o CDI, os bancos podem optar por emprestar dinheiro ao governo e não para outros bancos, pois isso vai gerar uma rentabilidade maior. No entanto, quando a Selic está abaixo do CDI, a remuneração dos títulos que usam a taxa sobe e isso não é interessante para os bancos.
Quais cuidados tomar na hora de investir com a Taxa Selic
Quem quer começar a investir ou já está investindo, acompanhar as divulgações do Copom é importante para entender os impactos das definições da Selic sobre os rendimentos. Além disso, é preciso tomar alguns cuidados e adotar algumas medidas para evitar perder dinheiro.
Há casos em que as mudanças na Selic vão causar impacto imediato nos investimentos, como é o caso da renda fixa. Os investimentos em renda fixa são papéis que representam títulos de crédito.
Na prática, funciona da seguinte forma: você compra um CDB de um banco e o seu dinheiro serve como um empréstimo por um determinado tempo. Em troca, você recebe os juros desse empréstimo.
A taxa usada para calcular esses juros é a Selic. Ela é usada em todas as aplicações de renda fixa, pois é a referência do sistema financeiro de forma geral.
O tesouro direto também é um dos títulos que o impacto pode ser percebido de forma imediata. Nesse caso, a remuneração do título é a própria Taxa Selic. Podendo ter uma pequena diferença ou um adicional, dependendo da época. A alta ou a queda dos juros básicos refletem na rentabilidade dos papéis na mesma hora.
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Considerando isso, quando a Selic está em alta, os investimentos em Renda Fixa são mais beneficiados do que quando a taxa está em baixa. Durante um longo período a Selic permaneceu em alta e isso fez com que a Renda Fixa se tornasse uma alternativa de investimento interessante para os brasileiros. Mas isso nem sempre é uma regra porque quando a Selic e a inflação estão altas, a rentabilidade para esses títulos será menor.
Na prática, isso quer dizer que se a Selic estiver em 8% ao ano, mas a inflação estiver em 5%, a rentabilidade real será de aproximadamente 3%. No entanto, se os juros caírem para 5% anuais e a inflação para 1%, o retorno para o investidor será de 4%.
Com outros tipos de investimentos, como é o caso dos de renda variável, o impacto é indireto. Isso acontece por algumas razões.
A taxa Selic mais baixa tende a impulsionar o consumo. Assim, as pessoas consomem mais e as empresas vendem mais. Esses resultados fazem com que as empresas tenham que distribuir mais dividendos e serem mais valorizadas. Quando a Selic aumenta, a atividade econômica sofre retração e os resultados das empresas acabam sendo piores.
A Selic estimula o consumo, mas também reduz o custo do crédito para as empresas, o que facilita investimentos das instalações e outros projetos que ajudam as empresas a crescer. Como consequência, as empresas têm melhores resultados e isso beneficia suas ações, mas quando a Selic aumenta, nada disso acontece.
Ou seja, a Selic mais alta pode impactar diretamente no bolso do cidadão comum e ser prejudicial para empresas e empreendedores.
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