Depois de novo anúncio de aumento dos preços do diesel, o presidente brasileiro exonerou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque e colocou Adolfo Sachsida em seu lugar. Se depender da atual defasagem dos preços, mais cargos estão ameaçados. Entenda tudo isso na análise de hoje.
Quem é Bento Albuquerque e por que ele foi exonerado?
Almirante da Esquadra da Marinha do Brasil, Bento Albuquerque integrava o quadro de ministro de Minas e Energia desde do primeiro dia de mandato do atual presidente brasileiro.
Com longa carreira nos serviços militares, Albuquerque era um forte nome político dentro do poder executivo. Além disso, o almirante possuía um quadro de secretários extremamente técnicos.
Segundo fontes, o agora ex-ministro foi exonerado depois que a Petrobras anunciou um novo reajuste no preço do diesel.
Diante da forte desvalorização que acometeu a moeda brasileira nos últimos dias, a Petrobras anunciou, na última segunda-feira (09), um novo aumento no preço do diesel, desta vez de 8,8%. O anúncio ocorreu poucos dias depois de a empresa ter anunciado o aumento de 19% no gás natural.
E como isso prejudicou Albuquerque?
Foi o ex-ministro Bento Albuquerque que indicou o nome de José Mauro Coelho para presidir a Petrobras em mais um movimento do poder executivo para tentar barrar os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis.
O reajuste anunciado na segunda-feira teria sido a gota d’água para Albuquerque, que foi sumariamente demitido. O Almirante integrava o quadro de ministro de Minas e Energia desde o primeiro dia de mandato do atual presidente brasileiro.
Adolfo Sachsida, que é o novo ministro das Minas e Energia?
O economista de 49 anos, Adolfo Sachsida, integra o time do presidente brasileiro desde a campanha, em 2018.
Com o envolvimento na campanha presidencial, Sachsida passou a integrar o governo como Secretário de Política Econômica, no Ministério da Economia. Desde fevereiro, Sachsida estava no posto de chefe da Assessoria Especial de Estudos Econômicos.
O provável novo ministro de Minas e Energia, que ainda deve ser nomeado, já falou publicamente sobre o convite feito pelo chefe do poder executivo para integrar o seu time de ministros. Contudo, se furtou a dizer apenas isso e não quis comentar a demissão de Albuquerque.
Sachsida tem forte alinhamento com as ideias mais liberais de Paulo Guedes e é favorável à venda da participação do Estado brasileiro nos negócios da Petrobras.
Com a troca de comando no ministério, diversos interlocutores já falam do isolamento do atual presidente da Petrobras e o que isso representa para a política de preços da Petrobras.
Aumento das commodities e defasagem de preços continua
Apesar da dança das cadeiras na presidência da Petrobras e da troca súbita no comando do MME, isso não oferece nenhum tipo de garantia de preservação dos preços dos combustíveis ao consumidor brasileiro.
Vale lembrar que o atual presidente da Petrobras, José Mauro F. Coelho, é o terceiro a ocupar o posto só neste governo. As duas trocas feitas anteriormente ocorreram em uma tentativa de ingerência do poder executivo nos negócios da petroleira.
Em nenhuma das ocasiões, sob nenhum destes comandos, o governo conseguiu reverter a atual política de preços da Petrobras. Chamada de Preço de Paridade Internacional (PPI), a política tem trazido desavenças políticas e econômicas por ser uma das responsáveis pela alta da inflação justamente durante importante disputa eleitoral.
Apesar dos recentes reajustes anunciados pela empresa, há um represamento significativo de preços, cujo impacto deve ser sentido nas próximas semanas. A Abicom, Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis, fala em defasagem de cerca de 25% nos preços da gasolina.
Como estamos diante de um novo movimento de desvalorização do real e o preço do barril de petróleo também tem resistido acima dos US$100,00, com tendência de aumento no curto prazo, essa defasagem deve aumentar e pressionar a Petrobras a anunciar novos aumentos.
Seguimos de olho!