Crise no Canadá: onde o Brasil entra nessa conta?

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Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá e líder do Partido Liberal, anunciou na segunda-feira (6/1) sua renúncia, encerrando um mandato iniciado em 2015. A decisão ocorre em meio a uma significativa perda de apoio popular, resultado de desafios como o aumento do custo de vida e o fraco desempenho fiscal. 

O déficit público atingiu US$43,4 bilhões (R$267 bilhões) no ano, 50% acima das projeções iniciais, enquanto a previsão de crescimento do PIB para 2024 foi reduzida de 1,9% para 1,7%, intensificando as preocupações econômicas.

No cenário externo, Trudeau enfrentava pressões do futuro presidente dos EUA, Donald Trump, especialmente em questões de imigração. Como 75% das exportações canadenses têm os EUA como destino, a dependência econômica torna o país vulnerável a políticas tarifárias (podendo chegar a taxas de até 25%)  vindas de Washington.

A renúncia de Trudeau aumenta a incerteza no Canadá, pressionando o dólar canadense, que deve perder força em relação a outras moedas globais. Esse movimento pode beneficiar moedas emergentes, como o real, principalmente no curto prazo, dado o diferencial de juros no Brasil e a atratividade dos seus títulos públicos.

No entanto, o impacto mais estrutural para o real está diretamente ligado à política econômica de Donald Trump. As expectativas de que ele possa adotar uma abordagem menos protecionista têm favorecido uma rotação de capital em direção a outras moedas. 

Ontem a moeda canadense caiu 0,25% frente ao real. Já em relação ao dólar, a moeda do Canadá subiu 0,8% na esteira da desvalorização do dólar em termos globais. O real, por exemplo, valorizou 1% frente à moeda americana ontem.

Assim, o real pode se valorizar de forma mais consistente caso as incertezas em relação aos EUA diminuam. Por outro lado, se Trump optar por um protecionismo exacerbado, a valorização global do dólar poderá pressionar todas as outras moedas, incluindo o real.

Portanto, a saída de Trudeau cria oportunidades pontuais para o real, mas a trajetória da moeda brasileira dependerá, acima de tudo, da condução da política econômica nos Estados Unidos. 

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