A empresa de transferências de dinheiro entre fronteiras mais tradicional do ramo, Western Union, divulgou relatório em que analisa as tendências do mercado para 2020.
A instituição financeira sofreu o impacto da crise provocada pelo novo coronavírus no mundo, tendo redução de 30% da sua receita no primeiro trimestre do ano.
Isso aconteceu porque as transações disponibilizadas pela Western Union ainda precisam do contato físico entre o emissor e o agente financeiro, o que ficou inviabilizado pelas medidas restritivas adotadas pelos governos para reduzir a disseminação da Covid-19.
No entanto, a sua reação foi rápida e, já em meados de maio, a empresa começou a se recuperar com o fortalecimento do canal de varejo e o crescimento digital.
As transferências feitas entre consumidores pelo site cresceram 51% em maio, o que mostra o sucesso da estratégia de investimento digital.
Concorrência
A Western Union é a empresa de transferência internacional mais tradicional do mundo.
Já liderou o mercado tranquilamente, mas esbarrou no avanço tecnológico que fez crescer o número de startups financeiras com foco no digital.
Especialmente no cenário atual, este perfil de empresa está tirando clientes em potencial das companhias que oferecem métodos mais convencionais para o envio de dinheiro ao exterior.
Sem um intermediário, as plataformas digitais conseguem oferecer mais dinamismo à operação e custos mais atrativos.
Em resposta à forte concorrência, a Western Union focou na aceleração de suas capacidades digitais e lançou em abril, no auge da pandemia, a expansão da sua Rede Global de pagamentos e transferência de dinheiro transfronteiriços.
Com isso, os clientes passam a ter a possibilidade de transferir fundos em diversas moedas, em tempo real, para 50 países, com bancos e agências digitais parceiros, sem precisar sair de casa.
A medida garante o pleno funcionamento das relações financeiras entre empresas, consumidores e entre membros da mesma família em países distintos.
Com essa expansão, a Western Union passa a contar com mais de quatro bilhões de contas bancárias e carteiras ao redor do globo.
Dólar e transferências
A expectativa é de que a reabertura da economia em alguns países que já conseguiram controlar a disseminação da Covid-19 e o consequente recuo do dólar, que não é mais refúgio para a crise, aumentem as transferências internacionais.
No Brasil houve uma queda no envio de remessas para o exterior desde o começo da crise. Segundo dados do Banco Central, somente entre janeiro e abril deste ano as remessas vindas de fora tiveram aumento de 14,7%, ou seja, mais de um bilhão de divisas americanas entrou no país por meio de transferências pessoais.
A razão para isso é que, embora muitas famílias e empresas mantenham vínculos financeiros no exterior, o dólar nas alturas, aliado à redução do salário e ao desemprego, levou a uma retração dos investimentos para fora do país.
Em contrapartida, aumentou o número de investimentos que entraram, já que o real desvalorizado frente ao dólar e ao euro representa oportunidade de lucro para quem está morando fora do Brasil e precisa ou quer investir em sua terra natal.
E as plataformas digitais saem na frente ao oferecerem serviços que se adequam perfeitamente ao novo normal, cada vez mais dependente da tecnologia para seu pleno funcionamento.
Mesmo com a volta gradual da economia, os pagamentos e transferências internacionais digitais vieram para ficar. É um caminho sem volta.
Mais ágil e barato, esse modelo de negócio é também bastante seguro porque dispensa o contato com agentes, reduzindo o risco de fraudes e possíveis golpes aplicados por pessoas de má fé.